A QUINTA EMISSÃO
O Rei Friedrich Wilhelm IV morreu em 2 de Janeiro de 1861 e foi sucedido pelo Imperador Wilhelm I, que decidiu, antecipadamente, que o seu retrato não deveria figurar nos selos postais, publicando um pedido de seu gabinete em 17 de Fevereiro de 1861, decretando assim para a nova série de selos que o Brasão de Armas da Prússia deve ser usado. A economia pode ter tido algo a ver com a sua decisão, pois os novos selos eram iguais para os inteiros postais. A emissão consistiu dos mesmos valores faciais que estavam anteriormente em uso, e havia dois tipos: Um para os valores em Pfennige e outro para as denominações em Silbergroschen.
Ano 1861. «Águia Prussiana em Oval». Valores em Silbergroschen. Tipografia e Alto-Relevo. Sem filigrana.
1 Silbergroschen (MiNr. 16) Rosa a Lilás-Rosa
2 Silbergroschen (MiNr. 17) Ultramarino-Escuro a Azul-da-Prússia
3 Silbergroschen (MiNr. 18) Ocre a Ocre-Amarronzado
O projeto consiste em um pequeno oval de cor sólida contendo uma Águia Prussiana com as asas abertas, tendo em seu peito um pequeno escudo onde estão as inscrições F. R. (Frederick Rex). Os quadros para os selos de 4 e 6 Pfennige são octogonais, enquanto os demais valores são ovais. Todos estão escritos «PREUSSEN» no topo e com o valor por extenso abaixo. O método de fabricação difere das emissões anteriores e não podemos fazer melhor do que citar o artigo do Sr. Wedmore em relação a esta série:
“Schilling simplesmente gravou a águia e o oval linhado ao seu redor em um pequeno bloco de aço. Ele foi endurecido e uma impressão foi tomada. Essa última foi então pressionada contra duas matrizes de aço. Schilling em seguida gravou em um deles o design dos valores de Pfennige e no outro o design dos valores em Silbergroschen, mas sem figuras ou letras. Essas matrizes foram então endurecidas e impressões foram tomadas em aço macio. Nestes, Schilling gravou a palavra PREUSSEN e as denominações dos valores. Duas destas matrizes foram gravadas para 5 e 6 Silbergroschen, mas não foram emitidos selos desses valores.
Dos cunhos acima mencionados, foram feitas 50 impressões de cada valor (exceto de 5 e 6 Silbergroschen) em pequenos pedaços de chumbo medindo 23x20mm, e estes, dispostos em cinco linhas horizontais de dez clichês, cada valor separadamente. Destes, três eletrotipos de chapas de cada valor foram retirados, e as três chapas juntas formam uma só chapa de impressão. As filas foram numeradas nos quatro lados, como na emissão anterior, e algumas das chapas, talvez todas, foram rotuladas em vez de numeradas, como na edição de 1850. Na parte superior e inferior de cada chapa, foi fornecido um “ponto de agulha”, onde foi impresso em cores na margem da folha.
A impressão em cores e a “gravação em relevo” do design central foi feito em um processo no qual na verdade o centro do design não era, propriamente falando, em relevo, mas ligeiramente pressionado no papel, que foi umidificado antes de ser pressionado, para tornar a operação mais fácil. As folhas dos selos foram primeiro engomadas e depois picotadas em percé. Para a goma, foi utilizada goma arábica misturada com glicerina.
A picotagem percé foi feita à mão da seguinte maneira: Uma moldura contendo linhas verticais de tiras de aço afiadas conectadas por pequenas tiras horizontais, todas com suas bordas em intervalos regulares, foi colocada na prensa. O quadro tinha uma tampa articulada. Nessa tampa, na parte superior e inferior, estavam duas agulhas, onde a folha de selos era inserida, com as agulhas perfurando a folha nos “pontos de agulha” coloridos já mencionados, garantindo assim que a folha fosse com precisão colocada sobre as linhas de aço. A tampa era então abaixada, e uma alavanca de mão aplicada, assim, pressionando a folha nas linhas em percé. Apenas uma folha era roleteada em percé por vez, e 1.000 folhas eram picotadas no “dia útil” daqueles “bons velhos dias” que consistia em 10 horas. O aparelho de picotagem foi fornecido por Sutler, um fabricante de máquinas de Berlim.”
Uma circular oficial, datada de 19 de Setembro de 1861 foi emitida para os correios, notificando-os sobre a nova iminente emissão e instruções foram dadas para que os novos selos não fossem vendidos até que os estoques da emissão anterior fossem inteiramente esgotados. Embora os selos estivessem disponíveis para uso em 1º de Outubro de 1861, nenhum deles é conhecido com data anterior a Novembro.
As cores escolhidas para os respectivos selos seguiram as anteriores, exceto com exceção do selo de 3 Silbergroschen, que foi impresso em Ocre-Marrom para se adequar com o esquema de cores adotado pela União Postal Alemã-Austríaca.
Uma circular do correio de 6 de Março de 1865 anunciou que um selo de 3 Pfennige em violeta seria adicionado à série, o qual apareceu em 1º de Abril, seguindo o mesmo design dos demais valores em Pfennige. Esse selo estava destinado a ser utilizado em material impresso enviado para a Noruega.
Ano 1865. «Águia Prussiana em Octógono». Valor em Pfenninge. Tipografia e Alto-Relevo. Sem filigrana
3 Pfenninge (MiNr. 19) Rosa-Lilás médio a Lilás-amarronzado
Todos os seis valores podem ser encontrados em diferentes tonalidades de cor e todos são conhecidos sem perfuração. Estes últimos são provas, porém existem espécimes com carimbo postal.
A SEXTA EMISSÃO
A divisão do posto de encomendas do Correio da Prússia lidou com encomendas, ordens de pagamento e cartas seguradas, e antes de 1866, pagamentos em conexão feitas em dinheiro (vales postais). Com o fim de poupar a imensa quantidade de trabalho relacionado com a reserva de todos esses pequenos itens em dinheiro, foi decidido emitir selos nos valores de 10 e de 30 Silbergroschen e, de acordo com uma Circular Oficial de 24 de Novembro de 1866, não deviam ser vendidos ao público, mas para uso interno e ser afixados nas encomendas, etc, pelos funcionários dos correios. Esses selos eram de diferentes tipos e também bastante diferentes em design de todos os demais selos prussianos. Seus desenhos foram gravados por Schilling em uma matriz original em cobre, o qual pode atualmente ser visto no Museu Postal de Berlim.
Ano 1866. «Goldbeater’s Skin». Tipografia em Pele de Intestino de Boi ou Porco.
10 Silbergroschen (MiNr. 20) Rosa-avermelhado escuro
30 Silbergroschen (MiNr. 21) Azul-esverdeado escuro
O design para o selo de 10 Silbergroschen mostra um grande numeral no centro de uma banda oval transversal escrito «PREUSSEN» na parte superior e «SILB. GR.» abaixo. Os espaços entre as inscrições são preenchidas com catorze pequenas águias prussianas. O oval recai sobre um fundo retangular que não possui quadro externo e que consiste na repetição das palavras «ZEHN SILBERGROSCHEN» em uma fonte muito pequena. Existem 32 fileiras de letras e no total a inscrição é mostrada três vezes em cada linha. No grande numeral «1» a palavra «POSTMARK» é mostrada em letras minúsculas e a mesma palavra aparece duas vezes no grande «0».
O design para o selo de 30 Silbergroschen mostra um numeral dentro de um quadro retangular similar ao feito com o selo de 10 silbergroschen. Nesse valor, são 10 águias prussianas de cada lado do quadro entre as inscrições. O plano de fundo mostra as palavras «DREISSIG SILBERGROSCHEN» repetido duas vezes em cada uma das vinte horizontais linhas, enquanto «POSTMARKS» é gravado em cada um dos grandes números, como no caso do selo de 10 silbergroschen. O Sr. Wedmore descreve a maneira como estes dois selos foram fabricados:
“O design foi gravado no formato positivo, isto é, uma impressão do cunho mostraria o lado invertido. Dois eletrotipos foram tomados e dispostos em dez linhas de dez selos cada. As linhas foram numeradas na margem em todos os quatro lados. Os selos eram então impressos em papel transparente especial (pele de Goldbeater), no qual um dos lados foi pintado com uma solução de colódio e gelatina antes da impressão. Os selos assim foram impressos no lado assim tratado, e a goma aplicada no mesmo lado da impressão. Da descrição anterior ver-se-á que o lado impresso do papel era aplicado à encomenda, mas o papel sendo transparente e o selo sendo gravado positivamente, o design era visível em sua própria forma sobre o que podemos chamar de lado do anverso.
Os selos foram roleteados da mesma forma que antes descrito na emissão anterior, mas, em uma nova moldura que continha 10 roletas em 20 centímetros. O método único de produção foi invenção de um alemão-americano, que vendeu a patente ao governo da Prússia alguns anos antes dos selos serem emitidos. Embora a Prússia tenha se juntado à Confederação da Alemanha do Norte em 1º de Janeiro de 1868, e em comum com outros membros da União, deixou de emitir seus próprios selos distintos, havia um grande estoque desses selos de 10 e 30 Silbergroschen, os quais a Confederação continuou a usá-los até o final de Fevereiro de 1869.”
Pele de Goldbeater: Consiste na membrana externa processada do intestino de um animal, tipicamente de boi, e às vezes de porco. É utilizado principalmente como suporte para a fabricação de folhas finíssimas de ouro para encadernações de capas de livros, etc. Para fabricar a pele de Goldbeater, o intestino do boi (ou outro animal, tal como o porco) é embebido em uma solução diluída de hidróxido de potássio, em seguida é lavado, esticado, prensado até se tornar plano e fino e tratado quimicamente para evitar a putrefação.
Sim, é exatamente isso que você leu! Esses selos não foram impressos em papel, como parece óbvio, e sim, na finíssima pele do interior do intestino de um boi ou porco! Os selos impressos nesse material, único caso na Filatelia Mundial, são extremamente frágeis, e a imensa maioria dos “sobreviventes” de nossos dias possui algum tipo de defeito: cor desbotada, amincis, rasgos, etc. São raríssimos os exemplares em perfeito estado de conservação. Existem falsificações grosseiras desses selos, geralmente em papéis semelhantes a papel de seda.
Estes selos são extremamente sensíveis à água e também à benzina, e jamais deve-se tentar separar os selos de algum fragmento de correspondência que esteja grudado no mesmo, pois os mesmos foram criados justamente para estragarem irremediavelmente caso tente ser removido.
A SÉTIMA EMISSÃO
A Prússia, tendo adquirido o restante dos Direitos dos Príncipes de Thurn und Taxis por 3 Milhões de Thaler a partir de 1º de Julho de 1867, foi obrigada a fornecer uma série de selos em moeda Kreuzer até que mais arranjos pudessem ser feitos. Esses selos também foram utilizados na parte da Baviera cedida à Prússia pelo tratado de 22 de Agosto de 1866, no final da Guerra entre ambos. Cinco valores foram emitidos, 1, 2, 3, 6 e 9 Kreuzer. Um Kreuzer equivalia a 3 3/7 Pfennige, e as taxas das cartas foram fixadas como 3, 6 e 9 Kreuzer equivalentes a 1, 2 e 3 Silbergroschen. Os dois valores mais baixos, 1 e 2 Kreuzer, foram utilizados para impressos, amostras e cartões postais.
2 Kreuzer (MiNr. 23) Laranja (tons)
3 Kreuzer (MiNr. 24) Carmin claro a Rosa-acarminado claro
6 Kreuzer (MiNr. 25) Ultramarino escuro a Azul médio
9 Kreuzer (MiNr. 26) Ocre-marrom a Cinza-marrom claro
O design é o mesmo para todos e consiste em uma águia prussiana dentro de um quadro hexagonal interceptado pelos lados por um grande bloco para os numerais do valor, que fazem parte do fundo sólido sobre o qual repousa a Águia, que está em relevo. No topo há a inscrição «PREUSSEN» em um fundo ornamental, e na base a inscrição «KREUZER».
Para o design da Águia central, foi feito o mesmo que com os selos de 1861-65, enquanto que a gravura do restante do projeto para os respectivos valores foi igualmente trabalho do Sr. Schilling. Os selos foram impressos em painéis de 100, em dez fileiras de dez selos, e roleteados 16. As quatro margens foram numeradas nas extremidades da horizontal e linhas verticais.
RESTANTES
O uso dos selos prussianos cessou em 31 de Dezembro de 1867, pois, no dia seguinte, os selos da Confederação da Alemanha do Norte entraram em circulação. Haviam restos consideráveis das emissões de 1861-67 e no final de 1868 foram feitas tentativas para dispor dos mesmos. O falecido M. Moens ofereceu para compra o lote que compreende nada menos do que 500.000 folhas das emissões de 1861-67, além de um grande número de envelopes e um grande estoque dos também obsoletos selos de Schleswig-Holstein. O preço mínimo era o custo de fabricação que, no caso dos selos, eram de 2½ Thalers por 100 folhas. O valor de todo o lote foi estimado em 3.000 Thalers e como não foi encontrado comprador pra tal quantidade, esse número foi reduzido, sendo uma porção do estoque sendo vendido para um fabricante de papel com a finalidade de ser reduzido a polpa. O restante foi cuidadosamente contabilizado e consistiu no seguinte:
1850
6pf: 270 cópias
1sgr: 19 cópias
2sgr: 13 cópias
3sgr: 38 cópias
1856
4pf: 85 cópias
4Pf: 21 cópias (papel sem filigrana)
1857
6pf: 80 cópias
1sgr: 10 cópias
2sgr: 6 cópias
3 sgr: 30 cópias
1858
4pf: 88 cópias
1sgr: 79 cópias
2sgr: 64 cópias
3sgr: 61 cópias
1861
4pf, 6pf, 1, 2 3sgr: 30.000 cópias de cada
1865
3pf: 30.000 cópias
1867
1, 2, 3, 6 e 9kr: 30.000 cópias de cada.
Os selos de 10 e 30 Silbergroschen (Golbeater’s Skin), como já dissemos, não foram oferecidos para venda, e continuaram sendo utilizados como selos da Confederação.
Todo o lote acima, junto a 10.000 envelopes e 270.000 selos de Schleswig-Holstein foi vendido para o Sr. Julius Goldner, de Hamburgo, por 1.000 Thalers. As quantidades comparativamente pequenas dos selos de 1850-58 foram imediatamente adquiridas por M. Moens e não demorou antes que o saldo do estoque fosse inteiramente disperso.
[continua na parte 4]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários deste blog são publicados com moderação prévia e são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Há liberdade de expressão, no entanto reservo-me ao direito de não aprovar os comentários que não cumpram com o objetivo do blog (propagandas, spam, etc). Não será aceite comentário algum que não se faça acompanhar com o nome do comentador. ("Unknown" não é nome pessoal).
Reservo-me também o direito de proceder judicialmente ou de fornecer às autoridades informações que permitam a identificação de quem use as caixas de comentários para cometer ou incentivar atos considerados criminosos pela Lei, e isto inclui injúria, calúnia, difamação, apelo a violência, apologia ao crime ou quaisquer outros.