Embora a Austria tenha assumido a liderança na introdução de selos postais em seu serviço de Correios, e a Baviera tenha sido o primeiro dos antigos Estados Alemães a emitir selos, a Prússia não ficou muito atrás, e pela força de sua administração postal, rapidamente tomou a liderança nos assuntos postais em toda a Alemanha.
Por decreto do Rei Friedrich Wilhelm IV, de 21 de Dezembro de 1849, foram introduzidos novos regulamentos para o serviço postal, sob o qual as taxas para as cartas individuais (i.e., aquelas que pesam menos que 1 Loth ou ½ onça) foram corrigidas da seguinte forma:
Até 10 milhas alemãs: 1 Silbergroschen
de 10 a 20 milhas alemãs: 2 Silbergroschen
acima de 20 milhas alemãs, 3 Silbergroschen.
Cartas mais pesadas foram cobradas de acordo com o peso, a taxa de registro (carta registrada) foi fixada em 2 Silbergroschen e uma comissão de ½ Silbergroschen foi cobrada de pacotes e de ordens de pagamento.
Também foi anunciado que selos seriam preparados e emitidos em 30 de Outubro de 1850, mas uma circular do Ministro da Fazenda corrigiu a questão dos selos para o público a serem emitidos em 15 de Novembro de 1850. Naquela época, a moeda consistia no Thaler, dividido em 30 Silbergroschen. Um Silbergroschen, por sua vez, valia 4 Pfennige.
O primeiro conjunto consistiu em quatro valores: ½ (6pf), 1, 2 e 3 Silbergroschen. O selo de ½ Silbergroschen (6 Pfennige) foi amplamente utilizado em pagamento pela taxa de entrega de correspondência. Essa cobrança foi fixada em ½ Silbergroschen (6 Pfennige) onde havia uma estação de correios, e em 1 Silbergroschen para outros lugares. Quando as cartas eram reclamadas nos correios, nenhuma taxa de entrega era cobrada.
Pouco tempo depois da emissão desses selos, os correios alemães e austríacos formaram uma união para o intercâmbio de correspondência entre a Austria e os vários estados alemães. Foi principalmente devido à Prússia que essa União se tornou possível, e este foi o primeiro de muitos passos progressivos feitos pelo Reino no interesse de uma maior eficiência postal.
Em 1º de Maio de 1856, um selo complementar, de 4 Pfennige, foi emitido para o pagamento antecipado da correspondência impressa.
Em 1857, os valores em Silbergroschen foram impressos em Tipografia, em vez de Talho-Doce, por motivos de economia. Em 1858, o primeiro design foi reintroduzido em um papel sem filigrana. Em 1861, seguindo a ascensão do Rei Willem I, uma nova série com o Brasão Prussiano apareceu, e em 1866, dois valores altos foram introduzidos para uso em pesados pacotes. Em 1867, um conjunto de cinco valores na moeda Kreuzer, foram emitidos, sendo essas para uso nos estados atendidos pela Administração de Thurn und Taxis, cuja gestão a Prússia tomou a partir de 1º de Julho de 1867. Com a formação da Confederação da Alemanha do Norte em 1º de Janeiro de 1868, a Prússia deixou de emitir seus selos individuais.
A PRIMEIRA EMISSÃO
½ Silbergroschen (MiNr. 1) Laranja-avermelhado, sobre papel Branco
1 Silbergroschen (MiNr. 2) Preto, sobre papel cinza-avermelhado a vermelho-acarminado (rosa)
2 Silbergroschen (MiNr. 3) Preto, sobre papel cinza-azulado a azul-ultramarino (azul)
3 Silbergroschen (MiNr. 4) Preto, sobre papel amarelo-avermelhado a amarelo-amarronzado (amarelo)
O primeiro conjunto de selos da Prússia, como anunciado na Circular Oficial de 30 de Outubro de 1850, foi emitida em 15 de Novembro daquele ano. O conjunto consistiu de quatro valores diferentes: ½ Silbergroschen (equivalente a 6 Pfennige), 1, 2 e 3 silbergroschen, pelos quais as várias tarifas postais eram representadas. Todos os quatro selos são semelhantes em design e mostram um retrato do Rei Friedrich Wilhelm IV com a cabeça para a direita, em um fundo de linhas cruzadas horizontal e verticalmente. O retrato está incluído dentro de um quadro retangular inscrito «FREIMARKE» no topo e com o valor por extenso na parte inferior. As bordas laterais são preenchidas com ornamentação de folhas de Carvalho, há pequenas cruzes nos ângulos superiores e nos cantos inferiores estão os numerais do valor. O design e os cunhos foram trabalho de Eduard Eichens, um gravador de Berlim. Ao que parece, dois projetos foram enviados, e o escolhido foi modificado até certo ponto antes da gravação dos cunhos. Sobre isto, há uma citação do Sr. Ralph Wedmore, no artigo de maio de 1910 na revista Stamp Lower, à saber:
“Ele (Eduard Eichens) fez dois desenhos em um cunho de prata. Um mostrando o busto do Rei, quase cheio, em um fundo sombreado, com um único quadro retangular, com a inscrição inferior 1 SGR. KPGA (1 Silbergroschen, Konigl. Preuss. General Post Amt.) e o numeral 1 em um triângulo em cada parte superior dos cantos. O outro desenho mostrava um busto do rei em perfil à direita, em um fundo preto, em um quadro telado, com as inscrições K POST A no topo e EIN SILB GR abaixo, e o numeral 1 em cada um dos quatro cantos. Esses dois desenhos podem ser vistos no Museu dos Correios em Berlim por alguém que visite essa cidade. O segundo projeto foi substancialmente aprovado, e Eichens gravou-o sobre aço, mas com a palavra POSTMARKE no topo e nenhuma indicação de valor abaixo.
Eu não vi o cunho, que está no Museu do Correio em Berlim, mas parece altamente provável que este cunho original foi utilizado para imprimir os selos emitidos em 1850. No livro do Capitão Ohrt sobre os selos da Prússia, a sugestão é feita de forma que foi criado um novo cunho, suportando apenas a cabeça do Rei e o fundo cruzado (telado), para a primeira emissão. Ampliação dos quatro selos e dos 4 Pfennige de 1856 mostram uma grande semelhança, exceto que no selo de 4 Pfennige as características do busto do Rei são mais nítidas, o que faz o rosto parecer menor. Uma comparação dos próprios selos mostrarão que as linhas de sombreamento no 4 Pfennige, embora muito mais finos, são idênticos em forma e posição com os valores anteriores. O selo de 4 Pfennige tem uma aparência mais suave, devido os pontos finos entre as linhas de sombreamento, que são eles mesmos na maior parte divididos em pontos. Outro ponto marcante de diferença é que no selo de 4 Pfennige as folhas de carvalho são perfeitamente desenhadas, enquanto que nos demais valores anteriores são simplesmente indicados por traços.
Não existindo provas positivas ao contrário, sugiro que o seguinte método foi empregado: Impressões do cunho original foram gravados em rolos de aço macio e os pontos finos entre as linhas de sombreamento foram parcialmente removidas. O rolo foi então endurecido, e uma nova impressão bastante fraca em quatro blocos de aço macios, um para cada um dos valores exigidos, foi criada. A palavra POSTMARKE no topo foi então cuidadosamente apagada, e FREIMARKE foi gravado no seu lugar. As bordas com folhas de carvalho e as linhas de sombreamento no fundo foram gravados em cada uma das quatro matrizes, seguindo as linhas levemente cunhadas no rolo de impressão, mas com efeito mais ousado. O topo da cabeça e da testa foram delineados, enquanto que no cunho original não há tais traços, como pode ser visto por referência no selo de 4 Pfennige. As figuras e as palavras de valor foram então adicionadas. A teoria acima mencionada parece mais provável, uma vez que existem leves diferenças nas linhas do cabelo e nas linhas de sombreamento da face em cada um dos quatro valores. As diferenças são de tal natureza que sugerem que cada selo foi independentemente gravado, mas são como se as linhas tivessem sido realçadas na cunhagem de cada um dos quatro selos.
Se minha Teoria estiver correta, ou se a declaração do Capitão Ohrt for verdadeira, é certo que as matrizes foram feitas de um cunho original para cada um dos quatro valores em questão, e que a moldura com folhas de carvalho e a inscrição do topo (e claro, os valores abaixo) foram gravados separadamente em cada uma das matrizes secundárias, como pode ser provado por pequenas diferenças que existem nos selos cada um dos valores.”
As chapas, confeccionadas em aço, cada uma contendo 150 clichês de selos, eram dispostos em quinze fileiras horizontais de dez selos cada. As linhas verticais foram então numeradas de 1 a 10 na margem superior, e nas linhas horizontais, numeradas de 1 a 15 na margem esquerda, enquanto no centro da margem direita foi gravado o número da placa, dessa forma: «Platte No. 15». Seja mais do que uma placa de cada valor tenha sido utilizada, não são conhecidas mais placas, exceto as alojadas no Museu em Berlim, e estão numeradas do seguinte modo:
6 pfennig, No. 7.
1 silbergroschen, No. 14
2 silbergroschen, No. 12
3 silbergroschen, No. 10
Esses números provavelmente pertencem a uma série referente às placas feitas por Eichens, ou à empresa com a qual ele trabalhou. O único outro número que nós conhecemos é o da Placa nº 13, que foi utilizada para o selo 1 Silbergroschen.
O papel, feito a mão, com marca d´água com ramos de uma coroa de louros, foi fabricado por Irmãos Ebart de Berlim. O grupo de 150 marcas d’água foi incluída dentro de um quadro com uma única linha nos quatro lados, com a seguinte inscrição: FREIMARKEX DER KOENIGL. PREUS. POST (selos do Correio Real da Prússia).
A Filigrana «Lorbeerkranz» (Coroa de Louros)
Imagem: Catálogo MICHEL
A impressão foi feita em papel branco para o selo de ½ Silbergroschen (6 Pfennige) e em papel colorido para os outros três valores. As tonalidades de cores variam muito para os selos de ½ e de 3 Silbergroschen, e pouco para os demais.
O Sr. Wedmore diz: “Os selos foram impressos em prensas manuais, onde a placa de impressão é aquecida e o papel inserido. As folhas dos selos impressos de chapas aquecidas estavam prontas para a gomagem 24 horas depois, sem sofrer qualquer processo de secagem especial. A goma consistia em 2 partes de goma arábica, ¾ de Dextrina, e ¼ de cola de origem animal. Com a adição de uma pequena quantidade de Chumbo Branco, e foi aplicada à mão com uma escova larga e macia. As folhas foram colocadas entre placas, que tinham tiras estreitas de madeira em cada extremidade para manter cada camada separada até a secagem, e depois colocadas entre painéis aquecedores, e em seguida em uma prensa por várias horas para aplainá-los”.
Como o Escritório de Impressão do Estado não existiu até 1º de Janeiro de 1853, no início os estoques foram impressos sob contrato, sob chapas de cobre de uma gráfica de Berlim cujo nome é desconhecido.
O Instituto de Imprensa do Estado (Königlische Preussische Staatsdruckerei) logo se tornou um estabelecimento muito importante e nos anos subseqüentes, lá foram impressos os selos para muitos dos estados alemães, bem como da própria Prússia. Em muitos casos, também, as emissões da Prússia serviram como um guia e um padrão de cor e valor para as emissões de muitos de seus vizinhos. Para citar um breve artigo na revista Stamp Collector, do Sr. Overy Taylor, “em assuntos postais, Berlim foi a capital da Alemanha muito antes de assumir essa posição política, e é por crédito da administração prussiana que, por um longo período, reinvindicou seu direito de dirigir o serviço postal da Confederação, pela inteligência com que aproveitou para melhorias e liderou o caminho em todas as inovações úteis”.
A SEGUNDA EMISSÃO
Uma ordem ministerial de 11 de Abril de 1856 reduziu a tarifa para impressos e etc enviados com envoltório aberto, para 4 Pfennige, e no dia 1º de Maio, um selo com essa denominação foi colocado à venda. O design é semelhante ao dos valores de 1850 e é evidente que o mesmo cunho original foi empregado para o retrato do Rei.
Ano 1856. Talho-Doce. Fundo Telado. Filigrana Coroa de Louros.
4 Pfennige (MiNr. 5) Verde-Escuro a Verde-Oliva escuro, sobre papel Branco
O Sr. Wedmore diz:
“As matrizes e as placas de impressão foram produzidas da mesma forma que antes, com o cunho original da cabeça do Rei Friedrich Wilhelm IV e com a palavra POSTMARKE no topo. Durante a transferência da matriz para os cunhos de aço, a palavra POSTMARKE foi apagada e inserida FREIMARKE em seu lugar, no topo dos selos. No Museu em Berlim, este rolo de aço pode ser visto suportando quatro impressões do cunho original. Em três delas, a palavra POSTMARKE é parcialmente apagada e no quarto é completo, e é o modelo utilizado para fazer as chapas de cobre para este valor. As figuras e as palavras que denotam o valor foram gravados, provavelmente, por Schilling, que estava empregado pelo Estado desde 1851 para gravar o cunho dos selos de envelopes. Uma comparação com o valor de ½ Silbergroschen mostra uma variação considerável no tamanho do design, que tende a provar que este não era trabalho de Eichens. Observa-se também que nesse selo, o valor é dado como VIER PFENNINGE, e não como PFENNIGE como nos selos de 6 Pf.”
Haviam pelo menos duas chapas para esse valor, e, embora estejam numerados na margem direita, as palavras «Platte No.» e os números para as linhas horizontal e vertical não foram gravados nas placas. A cor varia de um verde musgo escuro para um verde amarelado pálido. O papel com marca d’água com coroas de louro foi utilizado pra essa emissão, e o selo foi igualmente emitido sem perfuração, como a série de 1850.
[continua na parte 2]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários deste blog são publicados com moderação prévia e são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Há liberdade de expressão, no entanto reservo-me ao direito de não aprovar os comentários que não cumpram com o objetivo do blog (propagandas, spam, etc). Não será aceite comentário algum que não se faça acompanhar com o nome do comentador. ("Unknown" não é nome pessoal).
Reservo-me também o direito de proceder judicialmente ou de fornecer às autoridades informações que permitam a identificação de quem use as caixas de comentários para cometer ou incentivar atos considerados criminosos pela Lei, e isto inclui injúria, calúnia, difamação, apelo a violência, apologia ao crime ou quaisquer outros.