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14 novembro 2018

Sudão: Identificando uma falsificação


Selo emitido pelo Egito em 1889, com sobrecarga «SUDÃO» em árabe e em francês, para ser utilizado no Sudão Anglo-Egípcio a partir de 1897. Catálogo MICHEL Band 4 Nordafrika: Sudan MiNr. 8.

O selo egípcio comum, carimbado, cota € 1, enquanto o utilizado no Sudão, com a sobrecarga, vale € 50 carimbado, portanto vale a pena olhá-lo mais de perto.

Imediatamente, percebo que o carimbo obliterador tem a data de 22 XII 03, que faz parte do período de utilização desse selo, mas no carimbo consta a inscrição «CAIR», ou seja, cidade do Cairo, no Egito. Muito suspeito, pois os selos sudaneses não foram utilizados no Cairo.



Olhando mais de perto, com o auxílio de um microscópio, percebo que a sobrecarga SOUDAN está POR CIMA do carimbo obliterador do correio, o que é impossível nos exemplares originais.

Conclusão: Selo egípcio original (MiNr. 39), carimbo obliterador original (o selo foi usado no Cairo), sobrecarga SOUDAN completamente FALSA, fabricada para enganar o colecionador.



Este foi o microscópio utilizado na detecção dessa falsificação. Ao meu ver, este é um acessório indispensável na Filatelia.

02 maio 2018

Sobre os Catálogos

Neste post vou dar OPINIÕES PESSOAIS sobre os Catálogos de selos mais utilizados por filatelistas brasileiros. Você pode concordar ou não. Não me importo. É apenas a MINHA opinião. Mesmo criticando uns e elogiando outros, recomendo aos filatelistas que tenham todos eles em casa, ou o máximo possível, pois sempre há pequenas diferenças entre os mesmos, informações técnicas preciosas que não constam em um, mas que constam em outro.

Assim segue:


CATÁLOGO RHM
É uma obra surpreendente, mas de forma negativa, decepcionante e altamente frustrante. Seu editor ao que parece está mais preocupado em publicar um simples e mero PREÇÁRIO e manter o seu “renome”, do que em publicar um CATÁLOGO onde conste todos os dados técnicos sobre cada emissão.

Logo, pra começar a falar sobre esta obra, devo dizer que me recuso a chamá-la de “Catálogo”. Catálogos possuem dados técnicos, catálogos instruem, ensinam, orientam. Este RHM atual é só um mero PREÇÁRIO. Os antigos sim, eram CATÁLOGOS.

E o pior é que ele não consegue ser nem mesmo um mero preçário decente!

Pra citar como exemplo o que ocorre na numismática brasileira, uma moeda cotada em R$ 100 no catálogo, é encontrada a venda por ~R$ 100. A margem de “diferença” é de uns 10% no máximo, pra mais ou pra menos, dependendo apenas do vendedor. Se o catálogo for de lançamento recente, e o vendedor for “barateiro”, conseguirás comprar a peça por uns R$ 90 ou R$ 95. E dependendo da peça e do vendedor, aquela cotada em R$ 100 é vendida a R$ 110 ou pouco mais, especialmente se já faz algum tempo que o catálogo foi emitido. Mas, essa pequena diferença está condizente com a cotação no catálogo, e é o valor real de mercado da peça. Os numismatas saberão do que estou falando: Quando querem um mero preçário, adquirem o preçário editado pelo Irley/Amato. Quando querem dados técnicos, história, orientação, aprendizado, adquirem o catálogo editado pelo Bentes.

Na filatelia brasileira, não temos um CATÁLOGO. Tivemos, no passado distante, o Santos Leitão, e outros. Atualmente temos somente o PREÇÁRIO editado pelo RHM, onde as cotações apresentadas são ridículas, surreais, frustrantes e totalmente fora da realidade de mercado. Você conhece algum filatelista ou comerciante que venda selos do Brasil pela cotação 100% cheia do preçário RHM? Eu não conheço. Aliás, o próprio editor não acredita nas cotações que ele mesmo publica em seu preçário, pois nem mesmo o seu website de vendas, “O Selo”, as utiliza! Um selo cotado no RHM em, digamos, R$ 100, é vendido nas casas filatélicas e demais comerciantes filatélicos por uns R$ 10 ou menos. As cotações, são, portanto, uma piada! Mas uma piada frustrante, e até irritante, que decepciona aqueles leigos que herdam coleções e as tentam vender, e por conta disso, os potenciais compradores (nós, colecionadores) fazem papel de “mentirosos” diante dos mesmos, ao querer pagar R$ 10 num material “cotado” a R$ 100 nesta porcaria de preçário.

Quanto à parte técnica, (dados sobre as emissões, etc), somos obrigados a adquirir edições antigas do RHM, de anos anteriores, pra termos acesso a informação especializada. Citemos alguns exemplos:

Na série «Alegorias da República e Instrução» (1920-1941), vulgarmente denominada pelo ridículo nome de “série Vovó”: No catálogo é apresentada a filigrana “Casa da Moeda” (D), mas sabe-se que existem selos sem filigrana, do espaço entre as letras, que são distinguíveis dos originalmente emitidos sem filigrana alguma, e a identificação se dá pelo exame do tipo de trama do papel. O referido “catálogo” não ensina o filatelista a fazer isso. Temos que recorrer ao antigo Catálogo SANTOS LEITÃO pra saber a diferença. Ainda na série «Alegorias da República e Instrução», existem na verdade DUAS filigranas “F”, sendo elas a “CasaCasa da Moeda entre estrelas” e a “Casa Moeda entre estrelas”. O autor considera “difícil” a sua distinção, considerando que os outros são igualmente estúpidos, mas nada como utilizar um catálogo DE VERDADE, como o já mencionado SANTOS LEITÃO, para averiguar como essa distinção é incrivelmente fácil. Oras, isso é filatelia, estudo, pesquisa e descoberta, e não um mero ajuntamento de selo velho. Para distinguir usando o RHM, o autor propõe ao filatelista que adquira um de seus catálogos, emitido em 1995, (23 anos atrás!!!), o qual raramente é encontrado à venda, e quando encontra, custa caríssimo, pelo preço de um Olho de Boi. Tenha Santa Paciência!!

Cabe mencionar ainda que existem nessa emissão determinadas Filigranas que foram emitidas em posições diferentes (normal, deitada, invertida…), em papéis diferentes (cebola, muito fino, médio, grosso…) e até mesmo selos com denteação diferente. Tudo isso resulta até mesmo em selos com NUANCES DE COR completamente diferentes. Tudo catalogado pelo SANTOS LEITÃO, e tudo solenemente IGNORADO pelo referido “catálogo” RHM. Isso é FILATELIA, e deveria estar tudo catalogado em um catálogo que queira ser considerado como “especializado” pra um determinado país. No mínimo deveria constar a informação dos diferentes tipos de papel e picotagem. Pra uma catalogação simples, pra meros juntadores de selo velho, ou até mesmo pra idiotas, pode-se usar pra essa série até mesmo o Catálogo Yvert et Tellier, que aliás, é até menos confuso que o RHM.

Além do mais, a bagunça editorial. Mesmo já tendo manuseado inúmeras vezes o referido “catálogo”, localizar determinados selos é uma tarefa irritante, pois o mesmo faz uma verdadeira bagunça na hora de numerar os selos e inserir no catálogo. Números diferentes pra selos comemorativos, regulares, aéreos…  Estamos nas emissões regulares do Império, e de repente aparecem selos para Jornais, Telégrafos, Taxas, e de repente volta pros regulares. Iniciam-se os comemorativos, e lá surgem vindos do nada os “Oficiais” e todos os de “Taxa Devida” no meio. E do nada, volta-se pros comemorativos. E joga-se a “série Vovó” no meio, e do nada surgem Varig, Condor, ETA e Zeppelin. E volta-se aos comemorativos de novo como se fosse a coisa mais normal do mundo. E se estiver consultando em edições antigas, e a numeração do selo for importante, corre-se o risco de usar uma numeração antiga, que é diferente da atual pra muitos selos! Uma ZONA!

Os dados técnicos dos selos tais como método de impressão, denteação, etc, diferentes fosforescências (amarela e azul) e até a ilustração de seus carimbos de 1º dia são, ao meu ver, importantes. RHM detém todos esses dados, inclusive obtidos por pesquisa própria, porém pra conseguirmos ter acesso somos obrigados a adquirir edições velhas do catálogo, algumas emitidas 20 ou 30 anos atrás. As caríssimas edições atuais não fazem NADA diferente do que catálogos generalistas como Yvert et Tellier ou Michel. Aliás, são ainda mais simplistas que esses. Então pra quê vou gastar quatrocentos dinheiros pra comprar o RHM, se posso gastar esses mesmos quatrocentos dinheiros e ter o volume do Michel que consta o Brasil (dessa vez, bem mais organizado) e metade dos países da América do Sul?

Eu tenho pelo menos DOIS selos brasileiros que NÃO constam no RHM: Ambos da série «Alegorias Republicanas» (1906-17), ambos sem denteação na parte de baixo, provenientes dos carnês. Vai me dizer que isso deve ser ignorado e cotado como se fosse o selo comum emitido em folhas? É óbvio e evidente que são selos diferentes.

Eu não sou o único a criticar fortemente este catálogo. Basta uma simples pesquisa nas redes sociais sobre o mesmo entre a comunidade filatélica nacional e as opiniões serão muito parecidas. Ao meu ver, o catálogo RHM se quiser voltar a ser respeitado como já foi no passado, precisa ser totalmente refeito, reestruturado, inclusive refazer toda a sua numeração. Recomeçar do zero. Publicar toda a pesquisa disponível nas edições anteriores. Pra quê essa separação/distinção numérica estúpida entre selos regulares e comemorativos? Quem coleciona selos do Brasil, coleciona a ambos. Nem vou falar sobre a baderna feita nas emissões “personalizadas”, pois pra essas pretendo fazer um post exclusivo. Eu gostaria de ver um catálogo que não fosse confuso, e que indicasse o máximo possível de dados técnicos sobre cada emissão, inclusive as principais variedades conhecidas, especialmente as de cor. Afinal, é pra isso que serve um catálogo. É pra consultas, pra estudos, pra orientar a coleção. As cotações vem em segundo plano. Não temos preocupação se o catálogo recheado de dados, estudos, textos explicativos, etc, ficar caro em seu preço final, pois nós filatelistas pagamos, desde que seja uma coisa realmente boa, e realmente instrutiva. Do jeito que está, não pago nem R$ 10 na edição atual. Espero que um dia esta reformulação aconteça, ou… que os filatelistas, já de saco cheio, se unam, criem um NOVO catálogo de selos do Brasil e abandonem o RHM. Eu mesmo o faria, se tivesse um pouco mais de tempo livre disponível. Quem sabe se alguém ajudar?

Na minha coleção: Tenho a atual edição e algumas antigas, todas em livros físicos, de papel. Dados especializados que constam numa edição, na edição seguinte aparecem somente os dados básicos, quando muito. A discrepância entre as edições é brutal e extremamente irritante. Pra cotações, sou obrigado a consultar websites de comerciantes, pra saber o valor venal de mercado das peças. E jamais posso mostrar a cotação apresentada a um vendedor leigo que herdou coleção, senão estou enrolado…


CATÁLOGO YVERT ET TELLIER
Algo que eu francamente gostaria de entender é o motivo pelo qual os filatelistas e as casas filatélicas brasileiras são adeptas deste catálogo. É outra porcaria tal como o RHM. Mas é muito ruim mesmo! Ninguém usa o Yvert et Tellier nos Estados Unidos, na China, nem na Europa (pra citar os três grandes mercados da Filatelia). Somente na França, Espanha e Portugal é utilizado, (E na França, os filatelistas franceses não o utiliza pros selos franceses, e das colônias francesas, pois pra estes estão usando o excelente Catálogo MAURY. Yvert et Tellier, somente pros selos “d’Outre-mer”, ou seja, o restante do mundo, fora da Europa!) e também é utilizado por alguns comerciantes muito antigos no Brasil, México e na Argentina.

É um bom catálogo para juntadores de selo e aqueles que gostam das emissões comemorativas, para aqueles que apenas querem ter uma bonita coleção de selos modernos bem coloridos, e não se preocupam em estudar as emissões. Por isso mesmo, é horrível para filatelistas e terrível pra catalogar as emissões regulares, especialmente as do século XIX. Dos catálogos generalistas (pra selos de todo o mundo) internacionais, ou seja, Yvert et Tellier, Michel e Scott, o Yvert et Tellier é na minha modesta opinião, o PIOR. Simplista demais, e omite muitas emissões e informações. É básico demais e pra mim não serve.

Cito o exemplo do que ocorre nos selos da Alemanha. Nos selos do Reich, série «Germania», não é feita a distinção entre as emissões «Friedensdrucke» (de Paz) e «Kriegsdrucke» (de Guerra). O selo «NOTOPFER BERLIN STEUERMARKE» existe com 5 filigranas diferentes, com 3 denteações diferentes e até mesmo sem denteação, e com 4 desenhos com pequenas diferenças (letras com e sem serifa, etc). No catálogo, só aparece 1 selo. Onde estão as emissões Locais da Alemanha ocupada no pós-guerra (1945-1947)? Não constam no Yvert et Tellier. Selos sem denteação acima e abaixo (provenientes de carnets) ou com numeração no verso (provenientes de rolos) simplesmente são ignorados no Yvert et Tellier, pra qualquer país.

Nas emissões da Alemanha Oriental, não há distinção nos selos do «Plano Quinquenal» (1953-57). A maioria dos filatelistas tem em suas coleções meras figurinhas ou reproduções sem valor desses selos, impressas aos BILHÕES, feitas exclusivamente, anos depois, pelo extinto Estado Socialista alemão para venda aos colecionadores bobalhões do mundo todo, com carimbo impresso, com fins Capitalistas de LUCRO (sic!! num Estado comunista!), ao invés de terem em suas coleções os reais objetos de valor histórico, ou seja, os selos verdadeiros, da época, que foram realmente emitidos e que realmente circularam com finalidade postal. A diferença entre eles se dá até mesmo no design. Na mão, são muito diferentes em tudo: Design, papel, nuance de cor. (Consulte o catálogo Michel pra diferenciá-los).

A lista de inconsistências no Yvert et Tellier é longa e eu poderia escrever um livro sobre o assunto.

Um ponto positivo sobre esse catálogo: São listados os selos para Telégrafos, que não constam no Scott, e que somente constam no Michel pra uns poucos países. Apesar de eu particularmente considerar que os selos de Telégrafos são uma categoria à parte, tal como selos Postais ou selos Fiscais, é bom ter na biblioteca esse material, pois sempre aparecem selos de Telégrafos no meio dos itens adquiridos. Essa é, inclusive, a ÚNICA razão pela qual tenho os Catálogos Yvert et Tellier na minha pequena biblioteca pessoal.

Na minha coleção: Tenho apenas em edições antigas, de papel-jornal, preto e branco, com a cotação ainda em Franco Francês, e que foram adquiridas a preços módicos na internet. Não vejo necessidade de ter os volumes atualizados. Os meus são dos anos 70, 80 e 90.


CATÁLOGO SCOTT
Os filatelistas brasileiros sequer conheciam esse catálogo, que é americano, e em inglês, a até pouco tempo atrás. É usado somente pelos filatelistas americanos. Os mais sérios, que colecionam selos além dos selos americanos, no entanto, usam MICHEL. Pra aqueles que gostam de usar álbuns, há a vantagem de existirem folhas de álbum em .pdf compatíveis com a catalogação do Scott, disponíveis em http://www.stampalbums.com/ 

É um bom catálogo pra selos dos Estados Unidos. Há até mesmo os selos fiscais americanos catalogados nele. Mas pros demais países, é tão ruim quanto o Yvert et Tellier. Hora as emissões de um mesmo design estão juntas em uma só série (mesmo havendo selos com 30 anos de diferença na emissão), e hora as emissões estão separadas (dessa vez corretamente) em seus respectivos anos de emissão.

Diferenciação de selos emitidos em papel normal e papel fluorescente/fosforescente, raramente é feita, exceto pros Estados Unidos, Canada e Reino Unido. Pros demais países, é como se nem existisse tal diferenciação. É um catálogo que faz com que o filatelista evite ao máximo o uso da lâmpada ultravioleta. Aliás, também o faz com as denteações, fazendo com que o uso de odontômetro se torne quase que esporádico. Diferenciação de papéis? Ainda muito mais raramente.

O catálogo separa selos postais, selos com sobretaxas, semi-postais, aéreos, etc, às vezes em dezenas de categorias diferentes, que os americanos chamam de BOB (Back of the Book, ou “parte de trás do livro”, selos que ficam na parte de trás dos álbuns). Pra mim, isso é um verdadeiro horror!

Ainda há um aspecto obscuro nesse catálogo: Países, Territórios emissores de selos, governos de facto emissores de selos, que não são reconhecidos diplomaticamente pelo governo dos Estados Unidos, simplesmente não aparecem no Scott. Selos Locais da Alemanha pós-guerra? Selos de Nagorno-Karabach? República Sérvia de Krajina (Croácia)? Afeganistão governado pelo Taleban? Somaliland? Os antigos Emirados Árabes? Nem pensar… Ou seja, se o catálogo fosse árabe, não haveriam os selos de Israel. Se fosse chinês, não haveriam os selos de Taiwan. Uma grande imbecilidade, mas é a realidade desse catálogo. Eu pessoalmente sou anticomunista, e antisocialista, e anti-qualquer doutrina “vermelha”, mas nem por isso vou deixar de colecionar os selos da União Soviética, da Alemanha Nazista, da China ou dos antigos países europeus da Cortina de Ferro. Aliás, eu até gosto deles. É História!

Na minha coleção: Existem os pdf’s completos circulando na internet, edições de 2008, 2009 e 2013. Tenho-os todos. Utilizo na orientação da catalogação dos selos dos Estados Unidos, e raramente consulto pra outros países. Não vejo a necessidade de ter os exemplares físicos.


CATÁLOGO MICHEL
O melhor catálogo não só pros selos da Alemanha, mas pros selos mundiais.

Inclusive bom para os selos brasileiros, é tão completo quanto o RHM, porém sem a baderna editorial feita pelo mesmo e com cotações realistas. É muito mais organizado!

As emissões estão separadas por seus anos de emissão, não importando se fazem parte de uma série maior emitida em vários anos (o que acho correto). Selos para correio aéreo estão catalogados junto aos comemorativos e regulares (o que também acho correto. Pra quê separá-los numa seção à parte com numeração à parte?).  Ficam à parte os selos de Taxa Devida, Correio Oficial, Taxas Beneficentes, encomendas, militares, etc que possuem outras funções além do normal porteamento de correspondência (o que também penso ser o correto).

Em todas as coleções dos filatelistas, abundam os selos dos sete antigos emirados árabes, (Abu Dhabi, Manama, Ajman, Fujeira, etc) que se juntaram em um só país, os Emirados Árabes Unidos. Embora quase todos eles tenham servido mais para coleção do que para postagem de correio, e mesmo que tais peças não possam ser utilizadas em exposições oficiais, por serem “condenadas” pela Federação Internacional de Filatelia (F.I.P.), muitos são os filatelistas que gostam dessas peças, (eu sou um deles), e MICHEL é o único catálogo que os lista.

Denteação em linha e denteação em pente numa mesma emissão é importante pra você? Aliás, você sabe qual a diferença entre eles? O Catálogo MICHEL explica, ensina e distingue quando ocorre nas emissões, de todo o mundo.

Na minha coleção: Apesar de existirem os pdf’s completos circulando na internet, em edições atualizadas de 2014 e até 2015, optei por adquirir os volumes físicos, totalmente atualizados nas últimas edições, já que é o principal catálogo que manuseio. Adquiri também o Michel Farbenführer – Guia de Cores, em exemplar físico.


Finalizando: Pra aqueles que colecionam selos de outros países, ou como eu, selos de todo o mundo, o ideal mesmo é tentar adquirir os catálogos especializados para cada país colecionado. Por exemplo, o AFINSA para selos de Portugal e ex-colônias, STANLEY GIBBONS para Grã-Bretanha e ex-colônias, e etc. Na impossibilidade, recomendo o catálogo MICHEL, inclusive para selos brasileiros.

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29 abril 2018

Organizando a coleção: Parte 7 – A arrumação da coleção nos Classificadores

Existe um fator a ser considerado: Os filatelistas, as Casas Filatélicas e comerciantes em geral organizam sua coleção ou vendem seus produtos filatélicos catalogados de acordo com um dos catálogos nacionais ou internacionais mais utilizados, à saber: Para selos do Brasil, usam o Catálogo RHM, e pros estrangeiros, usam principalmente o Catálogo Yvert et Tellier, além do Catálogo Michel, e esporadicamente, o catálogo Scott. O mesmo selo irá possuir numerações diferentes nesses catálogos, e além do mais, alguns desses catálogos podem listar variedades que não constam em outros (p.ex., filigranas invertidas, nuances de cor, denteações diferentes, etc).

O ponto pacífico e (quase) sempre comum entre todos os catálogos é o ANO DE EMISSÃO das peças.

Portanto, é com base no ANO DE EMISSÃO que eu organizo a minha coleção, e não pela numeração de determinado catálogo.

O Catálogo MICHEL é em minha opinião o mais completo e mais preciso, além do que o mesmo dá destaque, em suas páginas, aos anos de emissão. Portanto sempre o utilizo como base primária pra catalogação, porém sempre de olho nos outros catálogos, especialmente pros selos regulares.

Como organizar desta forma? Muito simples: Utilizando etiquetas indicando apenas isso: o ANO DE EMISSÃO.

Para emissões que possuem variedades dentro de um mesmo ano, insiro pequenas etiquetas na qual anoto de forma manuscrita qual a variedade.


Como são as etiquetas: Em dois tamanhos:

1 – Etiqueta de ANO: Tamanho 2,3cm x 0,7cm.

2 – Etiqueta de VARIEDADE: Tamanho 2,3cm x 0,3cm.


Segue abaixo o meu método:


Papel Canson Acid-Free (Livre de Ácido) tamanho A4.
Existe em várias cores. Opto pelo colorido ao invés do branco.
Gosto da cor laranja cenoura.


Com a guilhotina refiladora, corto tiras com 2,3cm de altura.
Esta é a altura dos bolsinhos dos classificadores.


Uma tira já cortada.


Corto algumas tiras em 0,7cm, fazendo assim as etiquetas grandes onde anoto o ANO DE EMISSÃO, e outras em 0,3cm onde anoto as VARIEDADES.


Tamanho das etiquetas em comparação com um selo húngaro bastante abundante nas coleções.


Outro dia, passeando em uma livraria, encontrei esta caixinha em forma de livro, cuja capa ilustra um selo postal francês. Comprei imediatamente, e a utilizo para guardar o stock de etiquetas.


Guardo as etiquetas misturadas mesmo, junto à pinça e a lapiseira que utilizo para fazer as anotações. Um ponto importante: NÃO USAR CANETA, muito menos tinteiro. Se houver alguma umidade, a tinta poderá sangrar e manchar os selos. Use sempre LÁPIS ou LAPISEIRA!


Exemplo de utilização em selos da Dinamarca:
Na segunda linha, nos selos do Rei Frederik IX. Há dois selos vermelhos de valor facial de 35 ore, no entanto um foi emitido com papel normal e outro em papel fluorescente. Anotei em alemão «Normales Papier» e «Fluor».


Exemplo de utilização na coleção da Suiça:
Veja a terceira linha, emissões do ano de 1924 «Wappenschild», (Brasão), que existe em três papéis diferentes: «Normales Papier», ou papel normal, «Gestrichenes Papier», ou papel revestido com gesso, e «Gestrichenes Grill», papel revestido com um “Grill” impresso à seco em alto relevo na goma.


E aqui, finalmente, o exemplo de como NÃO fazer as coisas: Nestes selos da Irlanda disponíveis a venda em uma casa filatélica, foi utilizado um principio parecido, porém deixando espaços para os selos faltantes, e inserindo pequenas etiquetas com a numeração do catálogo. Um bom método, inclusive, excelente para quem coleciona poucos países.

Porém, na filatelia, assim como tudo na vida, o barato sempre sai caro. Foram utilizadas etiquetas recortadas de papel sulfite comum (vulgo papel Chamex de escritório), que NÃO É livre de ácido, e o resultado, após algum tempo, salta aos olhos: ABUNDANTE FERRUGEM, estragando o papel e os bolsinhos plásticos dos classificadores, e contaminando os selos. Não use papel comum, use papel livre de ácido!

Toda a minha coleção está assim organizada, em classificadores, e com estas pequenas etiquetas. Com o tempo estou inserindo fitas protetoras nos selos, especialmente nos que são novos com goma, evitando assim ao máximo ao aparecimento da ferrugem.

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17 abril 2018

«Staatswappen und Flagge» – Quatro selos da União Soviética emitidos entre 1948 e 1958 difíceis de catalogar


O selo em questão com valor facial de 40 Kopeks foi emitido entre 1948 e 1958, com duas versões do Brasão de Armas à saber, com 16 fitas – 8 à esquerda e com 15 fitas – 7 à esquerda, e três métodos de impressão diferentes, totalizando 4 selos diferentes.

Seus valores de catálogo justificam um estudo aprofundado pra identificar corretamente os 4 selos, já que o mais barato, carimbado, cota € 1 e o mais caro, cota € 100.

Os catálogos tradicionais, à saber, MICHEL, SCOTT e YVERT ET TELLIER não facilitam a identificação dos métodos de impressão em especial pra este selo. Será necessário utilizar uma boa lupa ou scanner e possuir um conhecimento técnico aprofundado sobre métodos de impressão para identificar corretamente os 4 selos diferentes, porém é sabido que nem todos dominam perfeitamente essa técnica, então passo a identificar em detalhe as quatro diferentes emissões.


SOBRE AS DUAS VERSÕES DO BRASÃO DE ARMAS:

Tratam-se da terceira e quarta versões do Brasão de Armas do Estado Soviético. Na terceira versão, com 16 fitas (8 à esquerda), incluía a República Socialista Soviética Karelo-Finlandesa, que em 1956 foi transformada em República Autônoma, e tendo a fita com o lema do estado soviético em finlandês removida do Brasão de Armas. Por isso, há duas versões desse selo, os emitidos em 1948 e 1949 com o Terceiro Brasão e os emitidos em 1957 e 1958 já com o Quarto – e último - Brasão.



SOBRE OS TRÊS MÉTODOS DE IMPRESSÃO:

Odr. = Offsetdruck = Offset ou Litografia (Traços retos bem lisos e perfeitos, mesmo sob grande ampliação)
Bdr. = Buckdruck = Tipografia (Traços retos com defeitos, bolhas, excessos de tinta, empastamentos, etc)
RaTdr. = Rastertiefdruck = Fotogravura (Todo o desenho é micropontilhado, tal como um outdoor de rua)


Assim, temos, pelo Catálogo MICHEL:

1º selo: MiNr. 1335 I I - Odr. (15x22mm, e reimpresso em 1954 com 14,3x21,3mm)
8 bandas à esquerda do brasão (16 no total)
emitido em 16.10.1948

2º selo: MiNr. 1335 I II - Odr. (14,5x21,5mm e também 15x22mm)
7 bandas à esquerda do brasão (15 no total)
emitido em Março 1957

3º selo: MiNr. 1335 II - Bdr. (15,3x22,5mm)
8 bandas à esquerda do brasão (16 no total)
emitido em Novembro 1949

4º selo: MiNr. 1335 IV - RaTdr. (14,5x21,5mm)
7 bandas à esquerda do brasão (15 no total)
emitido em 1958


COMO CATALOGAR:

Escanear os selos na resolução 600 dpi é uma boa. Senão, utilize uma lupa com luz.

O primeiro passo é separar os selos com 8 fitas à esquerda dos selos com 7 fitas à esquerda.

Em seguida, identifica-se o método de impressão. Observe especialmente os Raios do Sol.

Para ter certeza do que catalogou, MEÇA o design dos selos com muito cuidado.


Tive uma boa surpresa com esses selos: Na minha coleção, tenho os quatro tipos, carimbados.

E você?

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