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31 agosto 2016

[ANJOUAN] Navegação e Comércio

Em alemão: ANJOUAN. Anjouan é uma das ilhas do Arquipélago das Comores, localizada no norte do Canal de Moçambique, e no sudoeste do Oceano Indico. Possui 240.000 habitantes (1991), e sua capital atual é Mutsamudu. A antiga capital é a cidade de Domoni.

Nos anos 1500 foi fundado o «Sultanato de Ndzuwani», que engloba toda a ilha. Em 1866, o Sultanato se torna um Protetorado Francês. Em 1891, uma revolução de escravos ameaça seriamente a dominação francesa da ilha, os franceses são evacuados, porém logo após reconquistam a ilha através de uma expedição militar.

Em 1908, todas as ilhas do arquipélago de Comores, da qual Anjouan faz parte, são anexadas à colônia de Madagascar sob o nome de «Colônia de Mayotte e Dependências».

Por fim, o arquipélago de Comores se torna uma colônia autônoma em 1946, e um território de ultramar francês em 1958. Em 1974, torna-se parte da independente República Federal Islâmica de Comores.

 

 

Basicamente, Anjouan é um dos locais em que poucas pessoas ouviram falar, e que menos ainda saberiam da existência se não fosse pelos selos postais.

Em 1892 foi aberta a primeira agência de correios, em Mutsamudu, e é lançada a primeira série de selos, com 19 valores, da edição «Navegação e Comércio», com a inscrição «SULTANAT D’ANJOUAN» em sobrecarga azul ou carmim. Estes selos permaneceram em uso até 1908.

A série «Navegação e Comércio» é um longo conjunto de selos definitivos emitidos pela França para utilização em suas colônias, onde a única diferença entre os conjuntos é o nome da colônia impresso.

 


1892-1907 – «Navegação e Comércio» – Michel # 2, 3, 4, 6, 8, 9, 10, 18 e 13

 

Um detalhe que o filatelista deve ficar atento: Estes selos foram impressos com denteação 14 x 13½. Selos com denteação 13½ x 14 são falsificações.

Em 1912, Anjouan é anexada à colônia francesa de Madagascar, e 11 selos de Anjouan são sobrecarregados com «05» e «10» (centimes). Entretanto, estes selos sobrecarregados também são utilizados em todas as estações de correios da colônia de Madagascar e das Ilhas Comores.

Em 1914, os selos de Anjouan são suprimidos, e Anjouan passa a utilizar os selos da colônia de Madagascar. Estes selos tiveram pouco uso, e foram amplamente disponíveis para venda na agência filatélica de Paris.

 

 

Anjouan é um país relativamente fácil de se completar, e relativamente acessível ao colecionador médio. Foram emitidas apenas duas séries, de 13 e 6 valores, totalizando 19 selos, dos quais pelo menos a metade pode ser encontrada em pacotes de selos de colônias francesas, e até mesmo em kilowares, devido a seu baixo valor de catálogo. As duas séries completas são encontradas com certa facilidade em sites de leilões e casas filatélicas estrangeiras, eBay, e no Delcampe, entretanto no Brasil há alguma dificuldade em se conseguir estes selos.

A primeira série de 13 selos postais cota €260 nova sem goma, e €190 carimbada. Já a segunda série, de 6 selos, cota €220 nova e €170 carimbada, e é a série de mais fácil acesso.

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30 agosto 2016

[UCRÂNIA] A Emissão de Viena

por Ingert Kuzych
Tradução Rubens Bulad

Em alemão: UKRAINE. A série pictórica de 1920 denominada «Emissão de Viena» continua sendo a melhor representação do caráter nacional ucraniano já produzido.

Em suas 14 cenas, são expressos os símbolos da nação recém-independente: O Tryzub (Emblema Nacional da Ucrânia), a Bandeira Azul-Amarelo, o Bandura (instrumento musical nacional), e o edifício da Verkhovna Rada (Parlamento da Ucrânia). Além disso, há retratos de alguns dos grandes homens que ajudaram a moldar a nação ucraniana durante os 1.000 anos desde seu surgimento como uma potência européia no século X até seu restabelecimento no século XX. Outros selos mostram aspectos da herança cossaca que forjou o amor da Ucrânia pela liberdade, enquanto vários outros retratam cenas da vida rural, tão típica da Ucrânia durante o início do século XX. Para completar o efeito verdadeiramente nacional, cada selo é emoldurado por um design folk tradicional (bordado ou tecelagem).

No início de 1920, a República Nacional da Ucrânia (Ukrayins’ka Narodna Respublika, abreviada como RNU, em cirílico УНР) – que tinha declarado sua independência apenas dois anos antes, em 22 de Janeiro de 1918 – estava em uma situação desesperadora. Grandes áreas da Ucrânia foram ocupadas pelos exércitos bolcheviques russos, enquanto as forças ucranianas estavam sendo empurradas firmemente para o oeste. Em 22 de Abril de 1920, uma aliança foi formada entre a RNU e o recém criado governo polonês. O objetivo do acordo era restaurar a soberania ucraniana com assistência polaca. Uma campanha militar conjunta ucraíno-polonesa foi lançada e em junho de 1920 as regiões de Podilia e Volyn foram recapturadas, assim como partes de Kherson e da região de Kyiv.

Foi sob essas condições confusas e em movimento rápido que o governo da RNU, reunido na cidade polonesa de Tarnow, resolveu substituir todos os selos postais em uso no território da Ucrânia. A decisão de emitir novos selos, feita em 27 de agosto de 1920, foi enviada para a Missão Comercial da Ucrânia em Viena para a criação e implementação.

Os desenhos para os selos foram preparados com velocidade incomum pelo famoso artista ucraniano Mykola Ivasiuk. Ele concordou em realizar o serviço sem remuneração, desde que recebesse uma certa porcentagem dos selos finalizados. Durante um período de cerca de três meses, 14 excelentes projetos – que variam em valor de 1 Hryvnia a 200 Hryvni – foram meticulosamente desenhados. A produção dos selos foi realizada no Instituto Geográfico Militar de Viena no final de 1920. O conjunto completo é conhecido hoje como «Emissão de Viena».

 

DESCRIÇÃO DOS SELOS

EMISSÃO DE VIENA
Impressão: Litografia
Denteação: 11½, raramente 10½


1 Hryvnia Oliva-Cinzento:
Um grande Tryzub (Emblema da Ucrânia). Tridentes foram encontrados em territórios ucranianos entre achados arqueológicos que datam do primeiro século d.C. Volodymyr O Grande (que governou entre 980-1015) adotou o tridente como seu símbolo heráldico. O Tryzub foi confirmado oficialmente como Emblema da Ucrânia em 22 de Março de 1918, pelo Parlamento da Ucrânia, e retomado em 19 de Fevereiro de 1992 pela nova legislatura recém-independente da Ucrânia. Pelo menos um Tryzub é incorporado em cada design dos selos da Emissão de Viena.

2 Hryvni Violeta Escuro: Uma figura alegórica da Ucrânia sob a forma de uma jovem mulher vestida em um traje bordado segurando uma bandeira ucraniana.

3 Hryvni Amarelo-Laranja: A «Khata», ou casa de campo do camponês ucraniano com jardim. Estas casas foram construídas com tijolos de barro reforçados com farelo ou palha. Os telhados eram de palha.

5 Hryvni Verde-Azulado: O «Chumak» (comerciante de sal) com um carro de boi, uma visão familiar da zona rural ucraniana entre os séculos XVII e XIX.

10 Hryvni Vermelho: Bohdan Khmelnytsky (ca. 1593-1657) que, como Hetman (líder) dos Cossacos da Zaporízia, levou a uma série de brilhantes vitórias que removeu os poloneses para fora de grandes áreas da Ucrânia, e levou ao estabelecimento do Hetmanato Estatal (1648-1782).

15 Hryvni Marrom: Ivan Mazepa (ca. 1639-1709), proclamado Hetman da Ucrânia em 1687, ele fez muito para melhorar as condições sociais da Ucrânia, destinando grandes somas de dinheiro para fins religiosos, educacionais e culturais.

20 Hryvni Azul Escuro: Taras Schevchenko (1814-1861), um dos fundadores da literatura moderna ucraniana, tanto como um poeta de gênio notável e um ativista. Schevchenko também foi um dramaturgo, artista e crítico aberto da opressão social e nacional. Seus escritos, e particularmente, a sua coleção de poesia «Kobzar» (1840), são uma enorme contribuição para o despertar da auto-identificação ucraniana.

30 Hryvni Marrom-Oliva: Pavlo Polubotok (ca. 1660-1724), proclamado Hetman da Ucrânia em 1722. Polubotok foi um defensor vigoroso da autonomia ucraniana. Ele foi preso pelo czar Pedro I em 1723 e faleceu na cadeia da Fortaleza de São Petersburgo.

40 Hryvni Lilás-Avermelhado: Symon Petliura (1879-1926), que dirigiu o Diretório (Governo) da RNU no momento em que os selos da Emissão de Viena foram produzidos.

50 Hryvni Oliva: Um Cossaco sentado na estepe tocando um Bandura, o instrumento musical nacional da Ucrânia.

60 Hryvni Castanho e Malva: O edifício, em Kyiv, onde a Rada Central (Parlamento) realizou sua sessão. Agora abriga o Museu Pedagógico.

80 Hryvni Azul-Esverdeado e Marrom: Cossacos Zaporízios em um «Chaiky» (pequenos barcos manobráveis) no Mar Negro. A figura de pé carrega uma bandeira cossaca, enquanto os outros remam. Alguns Chaiky poderiam transportar entre 50 a 70 homens e até 4 pequenos canhões. Por meio dessas embarcações, os cossacos foram capazes de fazer inúmeras inscursões audazes contra embarcações à vela turcos, bem como contra cidades turcas ao longo da costa do Mar Negro. Estas expedições não só renderam grande botim, como também libertaram milhares de escravos cristãos.

100 Hryvni Verde-Escuro e Preto: O Monumento de São Volodymyr, O Grande, batizador da Rus’, na margem direita do rio Dnipro, em Kyiv. A estátua tem vista para a parte do rio onde, de acordo com os registros, os habitantes da cidade pagã de Kyiv foram batizados em massa em 988. O monumento de bronze de 20,4 metros foi inaugurado em 1853.

200 Hryvni Lilás-Avermelhado e Oliva-Cinzento: Uma cena bucólica com campos de grãos e um moinho de vento.

Lamentavelmente, de todas as emissões de selos autorizadaos pelos três governos ucranianos de 1918-1920, a Emissão de Viena nunca foi lançada. Até o final de 1920, quando os selos tornaram-se disponíveis, as forças da RNU haviam sido derrotadas e expulsas das terras ucranianas. No entanto, praticamente todos os catálogos de selos listam a Emissão de Viena – os últimos selos produzidos por um governo independente ucraniano até 1992.

Em meados dos anos 1980 a maior parte da arte original da Emissão de Viena foi descoberta numa loja filatélica em Viena. Tive a sorte de comprar esses materiais, há alguns anos diretamente do colecionador que as descobriu. Não são apenas esplêndidas obras de arte, mas também fornecem uma visão fascinante sobre o processo de design de selos e de produção utilizada durante o início do século. Mas isto é outra história, que eu vou guardar para um futuro artigo.

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29 agosto 2016

[ALBÂNIA] «Série Imperiale» da Itália com sobrecarga

Em alemão: ALBANIEN. O Rei Vittorio Emanuele II estava atrás de novas coroas, e para fazê-lo feliz, em 1939 Mussolini lhe deu, além da coroa de Imperador da Etiópia, a de Rei da Albânia. Para mudar rapidamente os selos em curso no novo reino da Casa de Savoia, o Instituto Poligráfico (casa impressora dos selos italianos) rapidamente imprimiu alguns selos da «Serie Imperiale» em cores ligeiramente diferentes e com a adição de uma sobrecarga bilíngue italiano-albanês «REGNO D’ALBANIA MBRETNIA SHQIPTARE» além do valor facial do selo em moeda albanesa, o Qindar.

Porém os quatro selos enviados à Tirana levantou fortes críticas, uma vez que davam a idéia de que a Albânia, em vez de um reino independente, fosse uma dependência italiana, e decidiu-se portanto, criar uma nova emissão. Os selos enviados por Roma ficaram, então, fechados em algum armário, embora provavelmente foram muitos – italianos, albaneses e depois alemães – que os acessaram nos anos seguintes. No final da segunda guerra mundial, o estoque restante foi destruído.

São os seguintes:

 

 

– 1 Qind sobre 5 cent marrom (tiragem desconhecida)

– 5 Qind sobre 25 cent verde (tiragem: 100)

– 10 Qind sobre 50 cent lilás (tiragem desconhecida)

– 15 Qind sobre 75 cent vermelho (tiragem: 50.000)

Estes selos não aparecem nos catálogos Yvert et Tellier, Scott e nem mesmo no Michel, e sim somente nos catálogos especializados dos selos da Italia, Unificato e Sassone. Há que se ter cuidado com as sobrecargas falsas, com finalidades filatélicas (estas costumam aparecer em pacotes kiloware).

28 agosto 2016

[ALEMANHA – ÁREAS EM PLEBISCITO] Allenstein

Em alemão: ALLENSTEIN. Distrito da Prússia Oriental, em um território que hoje encontra-se na Polônia, a cidade foi fundada pela Ordem dos Cavaleiros Teutônicos no século XIV. A palavra «Allenstein», em alemão, significa «Castelo do Rio Alle» (que agora se chama rio Lyna). Os Cavaleiros Teutônicos iniciaram a construção do Castelo de Ordensburg em 1347, e concluíram-no em 1397. Ao logo dos próximos 400 anos, Allenstein esteve na posse dos Cavaleiros Teutônicos, do Reino da Prússia e do Reino da Suécia.

Em 1772, durante a primeira partilha da Polônia, Allenstein se torna parte do Império da Prússia. Em 1871 com a criação do Império Alemão, torna-se parte do estado da Prússia Oriental.

Após a Primeira Guerra Mundial, Allenstein, que possuía habitantes étnicos alemães e poloneses, passa para o controle da Liga das Nações. Um plebiscito foi então realizado para definir se Allenstein permaneceria como parte da Prússia Oriental Alemã, ou se passaria a fazer parte da nova República da Polônia, conforme as determinações dos artigos 94 e 95 do Tratado de Versailles.

O Plebiscito foi realizado em 11 de Julho de 1920, e os resultados foram:

363.209 votos (97,89%) para a Prússia Oriental Alemã, e;
7.980 votos (2,11%) para a Polônia.

Allenstein passa então ao controle do Império Alemão, como distrito da Prússia Oriental, e assim permanece até 1945, e após a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, Allenstein passa para o controle Polonês, é renomeada para «Olsztyn», e a população étnica alemã remanescente é expulsa.

 

 

Apenas 28 selos foram emitidos para Allenstein por ocasião do Plebiscito, em Abril de 1920, em duas séries de 14 selos cada, utilizando-se sobrecargas em selos alemães da até então República Alemã de Weimar. Estes selos seriam válidos para postagem até 30 de Agosto, portanto tiveram uma vida útil de somente 5 meses.

 

1920 – MiNr. # 1 a 14
Emitidos em 3 de Abril/1º de Maio de 1920.

Por alguma razão que não dizer qual é, o selo de 15pf marrom-avermelhado (e que existe em duas tonalidades de cor) costuma faltar em muitas séries ofertadas na internet e nas casas filatélicas. Já o 15pf violeta sempre está presente.

Todos os valores, exceto MiNr. # 3 (15pf violeta) possuem sobrecargas com inscrições mais grossas e mais finas. A cotação é a mesma.

 

 

1920 – MiNr. # 15 a 28
Emitidos em 25 de Maio e durante o mês de Junho de 1920.

 

As Sobrecargas utilizadas nas duas séries

 

O conjunto BÁSICO total com os 28 selos emitidos de Allenstein não é caro, e é fácil de se conseguir em boas casas filatélicas, inclusive aqui no Brasil. A primeira série, cotando €20,  e a segunda, €36 para selos mint, e um pouco mais para os selos carimbados. É um dos “países filatélicos”  mais fáceis de se ter todos os selos.

Variedades na sobrecarga, tais como dupla impressão ou impressão invertida possuem uma forte cotação de catálogo, variando entre € 300 e € 700 para cada selo. Pares, quadras e múltiplos são mais escassos e raros e também devem ser guardados como tais. 

Após completar os 28 selos básicos, pode-se passar para o estágio INTERMEDIÁRIO da coleção, que é conseguir as variedades de cor existentes em alguns selos.

Na primeira série, existem 2 variedades de cor para os selos de 15pf marrom-avermelhado, 20pf, e 1M25, e 3 variedades de cor para os valores de 1M50 e 2M50. (Total 14 básicos + 7 variedades).

Na segunda série, existem 2 variedades de cor para os selos de 15pf violeta, 15pf marrom-avermelhado, 20pf, 75pf, 1M25, 2M50, e 3 variedades de cor para o valor de 1M50. (Total 14 básicos + 8 variedades).

Aqui começa um certo desafio, pois essas variedades raramente são encontradas isoladas, estando comumente em alguma série completa ou quase completa a venda. Então, ocorre de ter que comprar uma série inteira somente pra obter um único selo de uma variedade de cor.

A seguir, passa-se ao estágio AVANÇADO da coleção, onde o filatelista pode se aventurar em adquirir os seis selos não emitidos por Allenstein. O primeiro selo possui a segunda sobrecarga, enquanto que os cinco demais possuem a primeira sobrecarga. No entanto, foram sobrecarregados utilizando as mais recentes séries dos selos «Germania», com novas cores. Assim sendo:

1920 – MiNr. # I a VI Nicht ausgegeben (não-emitidos).

– 5pf marrom (ao invés de verde), MiNr. # II
– 10pf laranja (ao invés do vermelho), MiNr. # III
– 20pf verde (ao invés de azul), MiNr. # IV
– 30pf verde-azulado (ao invés de laranja), MiNr. # V
– 40pf vermelho (ao invés de vermelho e marrom escuro), MiNr. # VI
– 40pf vermelho (ao invés de vermelho e marrom escuro) – Este com a segunda sobrecarga, MiNr. # I

Esse sim, um conjunto realmente caro. O selo MiNr. # I, com a segunda sobrecarga, cotando € 260 novo com goma e € 130 sem goma ou com charneira. Os demais, cotando cada um € 180 novo com goma e € 90 sem goma ou com charneira. Não há, obviamente, cotações para carimbados, pois não foram emitidos. Nunca vi nenhum desses selos a venda no Brasil, somente em sites estrangeiros.

 

Finalmente, coroa-se a coleção com o selo conhecido como «Siegesmarke», ou «Selo da Vitória»:

1920 – MiNr. # 4 I, «Siegesmarke»

Parte da emissão do selo MiNr. # 4 foi produzido tardiamente, em Agosto de 1920, em impressão de cilindros (Walzendruck), rolos de transporte de folhas, ou bobinas, ao invés de chapas (Plattendruck). Por razões técnicas, a sobrecarga é mais grossa que o normal, e não cobre a inscrição “Deutsches Reich”. Existe nas duas variedades de cor, cotando € 110 novo com goma, € 45 sem goma ou com charneira, e € 400 carimbado (e que só deve ser adquirido com certificado BPP emitido após o ano 2013). 

Esse selo NÃO consta no Catálogo Michel comum, somente na edição Especializada (Spezial-Katalog), e por isso, pode ocorrer de ser vendido misturado a uma série comum sem ter sido corretamente identificado. Foi desta forma que consegui o meu exemplar! :-) Sozinho, pagou o investimento feito no catálogo especializado, além de ter proporcionado a grata surpresa em tê-lo encontrado perdido em meio a uma série comum.

Existem ainda os Inteiros Postais:

 


Infelizmente não possuo catálogos dos inteiros postais de Allenstein, e por isso mesmo não falarei sobre os mesmos.

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Obs.: Artigo atualizado em 12 de Setembro de 2020.

27 agosto 2016

[PAÍSES BAIXOS] Rainha Guilhermina «Bontkraag»

Em alemão: NIEDERLANDE. Os primeiros selos definitivos da Rainha Guilhermina dos Países-Baixos, conhecidos como emissão «Bontkraag» (Gola de Pele), tiveram um desenvolvimento difícil, mas gozaram de uma vida útil de 25 anos.

Quando uma nova série de definitivos foi necessária para os Países-Baixos por conta da maioridade e ascensão ao trono da Rainha Guilhermina em 1898, nenhum artista holandês conseguiu chegar a um retrato satisfatório para os selos. Assim, o designer francês Louis Mouchon, que já havia feito muitos trabalhos para a Casa de Impressão Enschedé, foi convidado para assumir o desafio.

 

 

 

Em parte como resultado desta decisão, os selos não tiveram maiores problemas. No entanto, permaneceriam em uso por um quarto de século, estabelecendo-se como uma das séries holandesas mais populares de todos os tempos. A moldura já havia sido concebida por D. Knuttel, então Enschedé pediu a Mouchon especificamente por um bom retrato. Mouchon, no entanto, não pôde resistir e acabou por retocar os quadros, deixando Knuttel pouco satisfeito.

 

 

Ainda assim, o retrato da Rainha não se encaixava no quadro, causando atrasos no processo de design: Toda a série de selos deveria ter sido emitida em 7 de Setembro de 1898, o dia da inauguração da nova Rainha, mas a maioria ainda não estava pronta. Como resultado, foi impresso um selo de alto valor facial, 1 Gulden, projetado pelo prof. R. Stang com moldura de J. Vürthein, tornando-se assim conhecida como “Peça da Coroação”:

 

 

Os valores tipografados de Mouchon, de 3c. até 60c. só apareceram em Agosto de 1899, juntamente com um selo de 1 Gulden reformulado, e valores mais elevados até 5 Gulden. (Haviam também baixos valores de ½c a 2½c, mas estes não tem a efígie da Rainha).

 

 

A Peça da Coroação (acima) possui o numeral «1» um pouco maior que na versão mais tardia (e mais comum de se encontrar). Além disso, a palavra GULDEN da Peça da Coroação está em uma fonte mais fina. Nos catálogos, a diferença de cotação entre os dois é grande: Para selos novos, €240 e €70 respectivamente, e para selos usados, a diferença é ainda maior: São €140 pra Peça da Coroação e apenas €0,80 pra emissão comum. Portanto deve-se ter muita atenção a este selo em especial.

O selo de 10 Gulden Laranja-Escuro, o mais alto valor facial da série, e sendo uma taxa extremamente alta para a época, foi adicionado à série em 1905. É uma peça-chave: é também um dos selos mais procurados da filatelia holandesa, cotando €900 novo, e €800 carimbado, e por isso mesmo, faltando na maioria das coleções.

Com novos selos adicionados ao longo dos anos, a série Bontkraag teve um total de 20 valores diferentes. Muitos deles possuem variedades de perfuração, enquanto outros tiveram mudanças de cor, exigidas pelas flutuações das taxas postais.

O selo de 5c. Rosa-Vermelho, que à sua época era a taxa para cartão-postal para o interior dos Países-Baixos durante 20 anos, é um dos selos mais utilizados da história holandesa, com quase 2 Bilhões de cópias impressas. Inicialmente, foi emitido em uma pálida cor rosa (e em papel muito fino, quase como um papel japonês de arroz), mas logo evoluiu para uma cor rosa-vermelho, que é a nuance mais frequentemente encontrada. Há várias nuances a se recolher de vários valores, já que alguns deles estiveram em uso por duas décadas.

 

 

Por conta disso, o retrato de Mouchon foi a causa de problemas com as casas impressoras: Sua reprodução em cartões-postais e outros impressos pré-selados produziram resultados tão pobres, que Enschedé foi obrigado a mexer no design quase imediatamente, e, eventualmente, retirar algumas das linhas de sombreamento do fundo do retrato.

Quando, mais tarde, em 1922, a composição da tinta de cor cinza foi alterada (pra pior), produzindo uma impressão muito manchada, os selos de 10c. foram submetidos a um tratamento semelhante. E este acaba se tornando um típico caso de selos que podem confundir o filatelista na hora da catalogação.

Os catálogos fornecem as seguintes informações:

Yvert et Tellier fornece a informação de forma precisa: «Le 10c. a paru avec lignes du fond espacées en 1922 (nº 106)». Sem ilustrações.

Scott, o pior de todos, muito confuso, fornece a informação «See Nºs 107-112» logo após a emissão de 1898, e depois «Queen type of 1898-99, 10c, redrawn», porém não especifica onde exatamente o desenho foi refeito, qual a diferença entre as emissões, e tampouco o ilustra.

Michel é mais preciso e detalhista, e dá as seguintes informações: Após o selo 56A:«MiNr. 56 hat eng-, MiNr. 106 weitschraffierten Untergrund des Ovals» (plano de fundo sombreado no oval) e após o selo 106: «MiNr. 106 unterscheidet sich von MiNr. 56 durch die weite Schraffierung des Medaillons» (diferente do MiNr 56 pelo espaçamento maior das linhas no Medalhão). Mas, igualmente os catálogos anteriores, sem ilustração.

Nos três catálogos consultados, NÃO HÁ ilustrações para comparação da diferença entre as duas emissões, de 1899 e de 1922. Portanto, criei a seguinte imagem para ilustrar:

 

 

A principal diferença são as linhas do plano de fundo do medalhão oval, que na emissão de 1922 são muito mais espaçadas do que na emissão de 1899. Além disso, a emissão de 1922 possui uma tonalidade de cor um pouco mais clara que a emissão de 1899. Tendo ambos os selos em mãos, a identificação se torna bastante evidente.

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26 agosto 2016

[NICARÁGUA] «Vulcão Momotombo» e o selo que mudou a História

Em alemão: NICARAGUA. Em 15 de Agosto de 2014, completou-se o centenário da travessia do primeiro navio no Canal do Panamá.

Tanto dentro do passatempo filatélico quanto fora dele, um conjunto de selos da Nicarágua emitido em 1900 tem recebido os créditos por terem influenciado o Congresso dos Estados Unidos para escolher o Panamá, e não a Nicarágua, como rota do Canal. O poder que os selos exerceram na formação da opinião do congresso é discutível, mas é claro que a exibição postal da Nicarágua de uma de suas maravilhas naturais foi um tiro que saiu pela culatra.

O Monte Momotombo é um estratovulcão imponente (1.297m de altura), próximo à cidade de Leon, no noroeste da Nicarágua. Um vulcão cônico é construído por camadas e mais camadas de lava endurecida, cinzas e outros detritos a partir de várias erupções, e o Momotombo teve muitas. Sua primeira erupção registrada foi em 1524, com pelo menos 18 outras desde então.

 

 

Apesar desse comportamento anti-social, Momotombo é um dos famosos e mais queridos símbolos da Nicarágua. Assim, este país o fez representar em um conjunto com 13 selos, emitidos em 1 de Janeiro de 1900, com valores entre 1 centavo e 5 pesos, cada um com uma cor diferente. (MiNr #120 a 132). Os selos foram gravados e impressos pelo American Bank Note Co. de Nova Iorque. O nome da empresa aparece no rodapé de cada selo, mas o nome «Momotombo» não aparece.

No entanto, para deixar bem claro que esta montanha é um vulcão, o artista fez questão de reproduzir fumaça, e possivelmente lava vomitando do cone. Esta descrição não era inteiramente por inspiração artística, já que o Momotombo irrompeu pelo menos uma dúzia de vezes no século XIX, mais recentemente em 1886-1887.

 

 

A Nicarágua gostava muito do selo. O mesmo projeto foi usado para criar novos valores sobrecarregados emitidos em 5 de Março de 1901 (MiNr. #133 a 135 e 144 a 148) e em 20 de Outubro de 1901 (MiNr. #149 a 151). Três valores litografados sem a legenda American Bank Note Co. foram emitidos em 1902 (MiNr. #152 a 154) e mais dois selos sobrecarregados com novos valores foram emitidos em outubro de 1902 (MiNr. #156 e 157). Ainda, mais algumas emissões com sobrecarga foram emitidas de 1903 a 1905 (MiNr. #166 a 173, 187 a 194). Foram ainda utilizados para o Correio Oficial (Dienstmarken) em 1903 (MiNr. #126 a 130). O projeto foi ainda utilizado novamente em 1904-1905 para selos locais de Zelaya (Bluefields), na costa leste da Nicarágua. Também, foram utilizados com sobrecargas para os Telégrafos.

É difícil descrever brevemente a longa e complexa história de esforços para criar uma passagem de água através do istmo do Panamá, na América Central, para ligar os Oceanos Atlântico e Pacífico. O que se segue é uma versão extremamente abreviada: No final do século XIX, a tecnologia tornou possível, embora caro e complicado, construir um canal através das profundidades e alturas do terreno, e os franceses (na esteira de seu sucesso com o Canal de Suez, no Egito, em 1869) criaram um projeto em 1881. A Compagnie Nouvelle du Canal de Panama obteve uma concessão para o projeto da Colômbia (já que nesta época, o Panamá ainda era uma província colombiana), mas acabou falindo em meio a um grande escândalo em 1889.

 

Emissão de 1901 sobrecarregada com novos valores
(MiNr. #144a com e sem barra após valor, e 144b com sobrecarga azul)

 

Theodore Roosevelt tornou-se Presidente dos Estados Unidos em 1901 e queria um canal controlado pelos EUA na América Central. Uma comissão norte-americana em 1898 havia favorecido uma rota pela Nicarágua, mas Roosevelt estava favorecido a assumir a concessão colombiana, ainda de propriedade francesa, liderada por Philippe-Jean-Bunau-Varilla.

Em 2 de Maio de 1900, a Câmara dos Representantes aprovou por votação esmagadora (225-35) um projeto patrocinado por William Peters Hepburn, de Iowa, que autoriza a construção de uma rota na Nicarágua, mas foi parado no Senado. Poucos dias mais tarde, o jornal «New York Herald» declarou que o sentimento nacional dos Estados Unidos estava unanimemente à favor da Nicarágua. O senador John Spooner Coit, de Wisconsin, introduziu um projeto do senado para a construção de um canal, e o debate estava aberto em Junho de 1902.

O senador Mark Hanna, de Ohio, falou longamente contra uma rota via Nicarágua, utilizando um display de grandes mapas da América Central com pontos pretos para vulcões extintos e pontos vermelhos para vulcões ativos. Nicarágua tinha uma miríade de pontos de ambas as cores, enquanto o Panamá não tinha nenhum. (Um senador teria dito depois que ele havia sido convertido para a idéia de um “canal Hannama”).

Entre os debates da Câmara dos Representantes (1900) e o do Senado (1902), em 8 de Maio de 1902, o vulcão Monte Pelée, na Martinica, no Caribe, entrou em erupção, acabando com St. Pierre em questão de minutos e matando mais de 30.000 pessoas. É seguro dizer que nem um único legislador em Washington DC não tinha conhecimento deste ato desastroso da natureza, e a palavra “vulcão” na primavera de 1902 teria conotações terríveis.

Enquanto isso, em 24 de Março, o Momotombo (que estava a mais de 100 milhas de distância da rota proposta para o canal) entrou em erupção, embora a notícia levasse um longo tempo para chegar a Washington. Quando chegou, o presidente da Nicarágua, de forma imprudente, declarou por telegrama que a atividade vulcânica foi falsa, e que era um truque francês para enganar os americanos. Este era o teor do telegrama: «Noticias sobre recientes erupciones de volcanes en Nicaragua enteramente falsas». Além disso, o senador John T. Morgan afirmou categoricamente a seus colegas: “Não existe nenhum vulcão ativo na Nicarágua”.

Por conta da negação da Nicarágua, Bunau-Varilla (cuja única chance se solvência futura era tentar trazer a rota do canal para o Panamá) foi fazer lobby de legislador em legislador e teve uma brilhante idéia (possivelmente com a ajuda de William Nelson Cromwell, um advogado de Nova Iorque, que havia sido contratado para ajudar no lobby): Lembrou-se que havia visto em uma carta um selo da Nicarágua no qual se via um vulcão: Um formoso vulcão vomitando fogo em uma magnífica erupção, e resolveu tentar deixar a Nicarágua condenar-se com seus próprios selos postais.

 

Cartão Postal com selo Momotombo pré-impresso

 

De acordo com suas próprias memórias, Bunau-Varilla rapidamente fez um tour pelas Casas Filatélicas de Washington e de Nova Iorque, e comprou cada selo Momotombo do conjunto de 1900 que ele conseguiu encontrar. Ele os colocou cada um em uma folha individual de papel e acrescentou uma legenda datilografada: «Uma testemunha oficial da atividade vulcânica no Istmo da Nicarágua». O texto seguiu dizendo que o cais e a locomotiva representados em primeiro plano no selo «foram lançados para dentro do Lago Manágua com uma grande quantidade de sacas de café, em 24 de Março de 1902, às 1h55 pm».

Estes circulares estampados foram enviados a cada um dos membros do Senado em 16 de Junho e uma versão similar chegou a cada um dos membros da Câmara em 24 de Junho.

O Senado aprovou a Lei Spooner em 19 de Junho de 1902, por uma maioria estreita. A Câmara também aprovou, e Roosevelt assinou a lei em 29 de Junho, autorizando a compra dos ativos do sindicato francês por US$ 40 milhões (com grandes descontos a partir do preço de venda original de US$ 110 milhões).

Será que os selos ganharam o dia para a questão do canal do Panamá? Em 1961, um livro entitulado «John Coit Spooner: Defender of Presidents» da professora de História Dorothy Ganfield Fowler, do Hunter College, disse: «O lobby do selo postal pelos lobistas da rota do canal do Panamá poderia ter tido algum efeito, mas a passagem da Emenda Spooner foi mais provavelmente o motivo, devido à enorme pressão da administração».

Uma das páginas de selos de Bunau-Varilla estava entre os papéis do senador Spooner na Biblioteca do Congresso, e o filatelista nicaraguense Neal West localizou outros exemplos em papéis de Bunau-Varilla no mesmo repositório. West ilustrou a circular e cuidadosamente descreveu sua pesquisa em três artigos úteis (abril de 1991, abril de 1993 e outubro de 1993) em Nicarao, revista de um grupo de estudos da Nicarágua. Uma das circulares foi também ilustrada na edição de 1 de junho de 1992.

Em entrevistas e escritos publicados anos após o fato, Bunau-Varilla deu crédito quase completo para as circulares com selos Momotombo, talvez porque ele estava muito orgulhoso de sua ingenuidade. Observadores mais desapaixonados dão crédito ao senador Mark Hanna com sua apresentação com mapas de vulcões da Nicarágua, enquanto a memória do Monte Pelée ainda estava fresca. Além disso, o menor preço da rota via Panamá, e acima de tudo, os sentimentos do Presidente Roosevelt sobre o assunto, como ele próprio disse em 1911: «O Canal do Panamá não teria sido iniciado se eu não tivesse tomado conta dele. Eu fui ao Istmo, iniciei o canal e incitei o congresso não a debater sobre o canal, mas sobre mim».

Em 16 de Janeiro de 1905, o Momotombo entrou novamente em erupção, após uma série de tremores de terra na vizinhança. No nosso tempo, “enxames sísmicos” de centenas de pequenos terremotos diários tem ocorrido na área próxima ao vulcão desde o outono de 2013.

Os selos Momotombo de 1900 podem ter desempenhado um papel relativamente menor no Canal do Panamá, mas ainda assim figuram em um conto clássico em nosso hobby. Mas, talvez seja desnecessário dizer que a emissão «Momotombo» saiu de circulação tão logo se iniciou a construção do canal no Panamá.

Enquanto isso, a Nicarágua planeja atualmente começar a construção do Grande Canal Interoceânico, em uma empreitada que deve durar seis anos, com a ajuda dos Chineses. Ele vai ligar o Mar do Caribe com o Oceano Pacífico. Nenhum vulcão é mencionado na publicidade entusiasmada do empreendimento…

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25 agosto 2016

[ARGÉLIA] As Emissões Clássicas

Em alemão: ALGERIEN. Maior país da África, localiza-se no norte desse continente, nas costas do mar Mediterrâneo. Sua capital é Argel (Algiers), e possuía uma população de 7,6 milhões em 1940.  Anteriormente parte do Império Otomano, a Argélia é invadida pela França em 1830 e em seguida anexada a esse país, tornando-se um departamento (província) da França, e essencialmente parte da mesma, até conquistar sua independência em 1962.

Na era pré-filatélica, ou seja, antes que o selo postal fosse introduzido na França em 1849 (e consequentemente na Argélia), o serviço postal era de uso exclusivo dos militares franceses estacionados na Argélia, o qual utilizou obliterações especiais: «d’abord une griffe», «Armée Expédre d’Afrique», em um carimbo redondo com dois círculos concêntricos. A estação de correios expedidora era anotada à mão, seja pela palavra «Algérie», ou pelo nome da cidade e a palavra «Poss Afr.». Até então, em 1835, há apenas 5 estações de correios abertas aos civis, nas cidades de Alger, Oran, Bône, Bougie e em Philippeville.

De 1849 a 1860, utilizam-se os selos emitidos na França sem nenhuma adaptação ou sobrecarga, iniciando do tipo Ceres, sem denteação. A obliteração indica a origem, seja pelo nome da cidade, seja por uma cifra de números de vão de 3710 a 4448,  indicativa de uma das 83 estações de origem existentes. O serviço de correios é administrado pelo exército.

Entre 1860 e o início de maio de 1924, ainda são utilizados os selos franceses, no entanto o serviço postal se tornou um serviço de uso civil, sem tutela militar. A administração dos correios abrem estações de Correios, Telégrafos e Telefones, e toda a população passa a ter acesso aos serviços.

 

Selo tipo Céres de 1870-71, «Emissão de Bordeaux», 20c azul tipo II,
obliteração «5011 Grandes Cifras», enviado da cidade de Batna, Argélia,
para Marseille, na França em 18 de Abril de 1871.

 

A partir de 1902, delegações financeiras apoiadas por grupos comerciais exigem a emissão de selos especiais para a Argélia, que vêem nisso uma forma de propaganda turística, entretanto levam-se 22 anos e inúmeros pedidos para que os primeiros selos com a sobrecarga «Algérie» fossem postos em circulação, e 24 anos para que os selos realmente tivessem imagens específicas do país.

Um decreto ministerial de 11 de Dezembro de 1923 autoriza que seja adicionada a sobrecarga «Algérie» nos selos franceses de uso postal e fiscal. Uma ordem do governador-geral em 26 de Abril de 1924 havia estabelecido o início da venda destes selos em 1º de Maio, no entanto alguns problemas de abastecimento adiaram a venda ao público para 8 de Maio. Mas, para permitir que indivíduos e empresas esgotassem seus estoques de selos franceses sem sobrecarga, estes poderiam ainda serem utilizados para franquia até 30 de Junho.

 


1924-25 – MiNr. #10 e 33

 

Em 1926 surgem os primeiros selos emitidos exclusivamente para a Argélia e consistem em uma série enorme, representando uma rua da Kasbah, na capital Algiers, a Mesquita de Sidi Abd-er-Rahman, a Mesquita de La Pecherie, e um Marabuto (túmulo de um santo do islã) de Sidi Yakoub, este último emitido também pela França em comemoração ao centenário da Argélia Francesa. Até 1942, os selos são gravados e impressos em Paris, no «Atelier des Timbres-Poste de l’Administration Boulevard Brune», exceto pela emissão comemorativa do centenário da Argélia Francesa, de 1930.

 


1926-30 – MiNr. #102– «Mesquita de La Pecherie».
Este selo voltaria a ser emitido em 1942 sem a inscrição «République Française» no topo.

 


1926-30 – MiNr. #56 – «Marabuto de Sidi Yakoub» em Mustapha Superior.

 

De 1936 a 1941 surge uma bonita série de 31 selos impressa em talho-doce ilustrando paisagens e monumentos da Argélia.

 


1930 – MiNr. #103 – «Atravessando o Sahara»

 


1930 – MiNr. #105 – «Arco do Triunfo», em Lambese

 

Há ainda várias emissões anteriores e posteriores, sobrecarregadas com novos valores.

No período até 1940, a Argélia emite ainda selos semi-postais, selos de taxas e selos para jornais. Destaca-se a série abaixo, semi-postal, emitida em 1930 em comemoração ao centenário da ocupação francesa:

 


1930 – MiNr. #88 a 100

 

Esta série foi impressa pelo «l’Institut de Gravure» em Paris, com valor facial em 14F50, e vendida por 29F. A tiragem era de 100.000 exemplares, no entanto somente 44.909 conjuntos foram vendidos e o estoque restante foi oficialmente destruído. Estes selos foram desmonetizados apenas um ano depois, em 1º de Fevereiro de 1931.

A série acima ilustrada é uma das poucas exceções de selos caros da Argélia, e está cotada em €70, nova ou €180 carimbada. Praticamente toda a coleção da Argélia até 1940 é relativamente acessível ao colecionador comum, com a imensa maioria das emissões cotadas em centavos de dólar nos catálogos, e é possível completá-la tanto nova com goma quanto carimbada sem gastar quantias exorbitantes.

Todos eles cotam em conjunto aproximadamente US$ 500, incluindo aí os semi-postais, taxas e jornais, e excluindo as variedades de sobrecargas invertidas, selos sem picote, etc.

 


1926-27 – Selos para Taxas – MiNr. #16,
em par novo com interpanneau e millésime 7.


No Brasil é possível encontrar muitos dos selos argelinos deste e de outros períodos e até mesmo todos eles em boas casas filatélicas, em séries completas, e muitos são encontrados isoladamente até mesmo em pacotes por quantidade ou kilo.

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24 agosto 2016

Organizando a coleção: Parte 5 – Armazenamento da Coleção

Obviamente que são em estantes ou prateleiras, mas vou falar um pouco sobre os tipos e modelos que testei ao longo dos anos, e quais suas vantagens e desvantagens.

Com o tempo e as mudanças, minha coleção ficou em diversos lugares diferentes: Estantes de madeira, de aço, prateleiras… O correto é que a coleção fique em local onde não incida luz solar direta ou indireta. Aliás, o ideal é que luz de espécie alguma, nem mesmo de lâmpadas, fique interagindo o tempo todo com os álbuns. A luz ultravioleta deteriora tanto o papel quanto os diversos tipos de plásticos e colas dos álbuns.

Estante de madeira: Sempre é muito bonito, mas… A madeira possui verniz e outros produtos cujos vapores podem interagir quimicamente com os álbuns. Se for em madeira resinosa, como Pinus, pior ainda. Além do mais, absorve umidade (o maior inimigo dos selos), e pode atrair traças e outros insetos (outro grande inimigo dos selos).

Estante de compensado/fórmica: É o pior modelo, e não recomendo também, pois as prateleiras sentem o peso dos álbuns e se deformam com o tempo, além de absorverem ainda mais umidade que as de madeira.

Estante de aço: Não é tão bonito quanto uma linda estante de madeira maciça entalhada, mas é o ideal. Melhor ainda se for de um modelo que possui portas, pois evita que qualquer luminosidade atinja os álbuns e protege contra poeira e olhares curiosos. Há modelos inclusive com fechadura à chave, o que é ainda melhor.

Se você também puder colocar um desumidificador de ar e um aparelho anti-mofo elétrico no ambiente, melhor ainda. Ar-condicionado é bom, pois mantém a temperatura constante, além de desumidificar o ar.

Você também pode usar nas prateleiras da estante:

Folhas de louro: Absorvem a umidade e evitam mau cheiro. (Devem ser trocadas a cada 30 dias). Pedras de carvão fazem o mesmo trabalho.

Cravo da India em um pequeno copinho, daqueles descartáveis para servir café, para espantar as traças e outros insetos.

Pó de café em um pequeno copinho para espantar traças e outros insetos.

Giz para quadro negro, em um pequeno recipiente, para absorver a umidade.

Não coloque bolinhas de naftalina próximas aos álbuns, como alguns incautos tem o péssimo hábito de fazer, pois o odor desse químico tóxico passará aos mesmos, a não ser que você viva em um local repleto de bichos asquerosos e nesse caso, recomendo que nem colecione selos nem nada que seja de papel. Use naftalina somente se você tenha comprado algum álbum muito velho e que esteja totalmente cheio de bichos visíveis (ácaros, traças e etc) e mesmo assim, por pouco tempo (só o tempo suficiente para desinfetar, com o álbum e a naftalina dentro de um saco plástico fechado por 24 horas) e longe do restante da sua coleção. Em seguida, dê um bom banho de molho com água fria nos selos.

Não use também aquelas bolinhas de sândalo terrivelmente fedorentas que alguns teimam em usar no guarda-roupas, nem nada que possa transferir odor de qualquer tipo para a coleção.

Nunca “dedetize” sua estante de selos com um veneno em spray. Lembre-se que sua coleção é composta por objetos de PAPEL e o mesmo vai absorver tudo o que for borrifado.

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