A TERCEIRA EMISSÃO
O governo da Prússia evidentemente achou o processo de impressão de chapa de aço em Talho-Doce muito caro, e em 1856, por motivos de economia, foi decidido mudar o método de impressão. Ao mesmo tempo, decidiu dispensar os papéis coloridos para os valores em Silbergroschen e passou a realizar a impressão à cores. O público foi informado sobre a iminente alteração por meio de um aviso oficial publicado em dezembro de 1856, à saber:
Nº 203 MUDANÇA NOS SELOS
Os selos de 1, 2 e 3 Silbergroschen, que até agora foram impressos em papel colorido, serão impressos no futuro em papel branco. O desenho dos selos, aparecerá, portanto, em vez de preto até agora, em rosa-vermelho para o 1 Sgr., em azul para o 2 Sgr. E em amarelo para o 3 Sgr. Os correios estão sendo informados desta alteração, e notificados que a emissão desses selos começará com o próximo ano, e que os selos de 1, 2 e 3 Sgr. Impressos em preto sobre papel colorido permanecerão atuais até que os estoques atuais dos mesmos sejam finalmente exauridos.
CORREIO CENTRAL
(assinado) SCHMUCKERT
BERLIM 23 DE DEZEMBRO DE 1856.
Ano 1857. Tipografia. Fundo Liso. Sem filigrana.
1 Silbergroschen (MiNr. 6) Carmin-avermelhado claro a Carmin, sobre papel Branco
2 Silbergroschen (MiNr. 7) Cobalto a Azul-Escuro, sobre papel Branco
3 Silbergroschen (MiNr. 8) Laranja-amarelado a amarelo-alaranjado claro, sobre papel Branco
A partir da redação desse aviso, foi assumido que os selos seriam emitidos em 1º de Janeiro de 1857, mas espécimes datados anteriores a junho são raramente encontrados. O design é muito semelhante ao da primeira emissão e é evidente que não havia nenhuma intenção oficial em se mudar o design. O retrato do Rei foi gravado em madeira por Schilling, sendo o fundo liso e sólido, em vez de telado com linhas horizontais e verticais como antes. O quadro se assemelha à emissão anterior, e tem inscrições similares. A expressão no retrato do Rei difere consideravelmente do tipo de 1850, a aparência sonolenta do primeiro deu lugar a uma expressão diletante nervosa no segundo. As folhas de carvalho nas laterais estão mais claramente definidas e há dois pontos em vez de um para abreviar a palavra SILBERGR:, sendo esta a forma correta da abreviatura para “Silbergroschen”.
Do cunho de madeira original gravado por Schilling, três matrizes subsidiárias foram gravadas e, os detalhes necessários de valor sendo adicionados a estes. 150 eletrotipos de cada um foram feitos e apertados juntos em quinze fileiras horizontais de 10 selos para formar as placas de impressão. As linhas foram numeradas verticalmente e horizontalmente nas margens dos quatro lados, mas se as chapas continham números, isso é desconhecido.
A chapa de 3 Silbergroschen estava pronta primeiro e foi utilizada como teste, com as impressões sendo feitas em rosa, azul e amarelo. Como estas folhas eram engomadas, presumiu-se que que os selos em rosa e azul fossem erros de cor, mas agora sabe-se que eram provas.
Um cunho para o selo de 4 Pfennige deste tipo foi criado e provas em cor verde são conhecidas, mas esse valor nunca foi emitido.
De acordo com Ohrt e Krötzsch, a mudança no processo de impressão ocorreu não só por motivos econômicos, mas também por causa da facilidade de se remover os carimbos mais fracos, que muitas vezes não penetravam as linhas salientes da impressão em Talho-Doce. Isso facilitou a lixiviação de peças carimbadas e a sua posterior reutilização. Para impedir tais manipulações, foi estabelecido que os selos seriam impressos com cores delicadas e em papel branco ao invés de papel colorido.
Os selos foram impressos em papel ondulado branco (wove paper), e como salvaguarda contra falsificações na ausência de filigrana, o mesmo recebeu uma impressão incolor em forma de rede com uma tinta de carbonato de chumbo antes da impressão dos selos. Essa rede se torna visível através da lavagem dos selos com uma solução sulfurosa hidratada, ou, mais permanentemente e com menos perigo de descolorir o selo, por fumaça de hidrogênio sulforoso, que o Sr. Wedmore descreve como “um composto de cheiro muito maligno. A goma é mais branca que a usada anteriormente, porém mais grossa e muito mais inclinada à craquelação”.
Imagens: Selos da Terceira e Quarta Emissões (MiNr. 7 e 11) com danos causados pela rede de Carbonato de Chumbo, que se tornou Sulfeto de Chumbo. Esses danos são causados por mal armazenamento dos selos, especialmente em contato com plásticos contendo PVC.
MICHEL observa, em uma pequena nota de rodapé, que a rede escura ou marrom pode aparecer até mesmo com o armazenamento inadequado dos selos. Na internet, em fóruns de Filatelia específica para os selos dos antigos Estados Alemães, corre a informação de que o armazenamento destes selos em álbuns chineses, feitos de plástico PVC, ou fitas protetoras de qualidade inferior, ou em caixas de papel ácido, podem fazer com que a rede de carbonato de chumbo se torne visível. O leiloeiro Peter Feuser apresenta um estudo sobre o problema clássico da rede de carbonato de chumbo nos selos da Prússia e o classifica como “Danos típicos de sulfeto de chumbo Categoria III”. Ele explica: “Os selos de terceiro grupo com danos por sulfeto de chumbo se relacionam com a rede impressa com carbonato de chumbo nos selos, como proteção contra falsificações. Normalmente são invisíveis, e se tornam visíveis apenas por manipulação química (com sulfureto de hidrogênio) preto ou castanho-preto, e leva a uma diminuição significativa do valor do selo em questão. Nas últimas décadas temos lidado com uma acumulação excepcional de selos assim danificados”.
Baseado em minha experiência pessoal e com os materiais filatélicos disponíveis aqui no Brasil, Eu (Rubens Bulad) não recomendo armazenar os selos desta emissão em fitas protetoras «Maximaphil», nem em folhas para classificadores feitas em material plástico ou vinil (isso inclui os luxuosos modelos «Vario» da Leuchtturm, e similares da Lindner e demais marcas de primeira qualidade e acredito ser a primeira vez na vida que não recomendo essas marcas!), tampouco em classificadores «Walis» fabricados no Brasil, cujos papéis são ácidos, e menos ainda em álbuns fabricados na China. O melhor local para estes selos são os classificadores cujas páginas são fabricadas em papel acid-free (marcas Leuchtturm, Lindner, Prinz, etc), cujas páginas intercaladoras sejam de Papel Parafinado (aquele que se parece com papel vegetal, disponível na maioria dos classificadores comuns), e se possível, os bolsinhos internos sejam do mesmo material, e não de plástico Rhodhoid transparente, como nos modelos mais luxuosos. Evite ao máximo o contato desses selos com QUALQUER plástico, especialmente se for PVC.
A QUARTA EMISSÃO
Em 1858, o design dos selos de 1, 2 e 3 Silbergroschen foi modificado, e os novos selos começaram a aparecer em setembro, sendo colocados à venda assim que os estoques das emissões anteriores fossem exauridos nas diversas agências dos correios. Um selo de 4 Pfennige de tipo similar foi emitido em 1859. A modificação no design consistiu na alteração do plano de fundo, que passou a ser cruzado horizontal e verticalmente, de forma semelhante à linha gravada dos selos da primeira emissão. Porquê a mudança foi realizada, é um mistério, a menos que as autoridades presumissem que o carimbo não fora mostrado com distinção suficiente contra o fundo sólido da série anterior.
Ano 1858. Talho-Doce. Fundo Telado. Sem filigrana.
4 Pfennige (MiNr. 9) Verde-Oliva escuro a Esmeralda, sobre papel Branco
1 Silbergroschen (MiNr. 10) Vermelho-acarminado claro a Lilás-avermelhado, sobre papel Branco
2 Silbergroschen (MiNr. 11) Cinza-ultramarino a Azul-da-Prússia Escuro, sobre papel Branco
3 Silbergroschen (MiNr. 12) Amarelo-alaranjado escuro, sobre papel Branco
Pouco se sabe sobre o método de fabricação desses selos, mas o Sr. Wedmore nos diz que “uma comparação com os selos da última edição mostra que a impressão foi feita no mesmo bloco de madeira, criando-se então o fundo e as denominações dos valores, imagens e palavras, gravadas separadamente para cada valor da série. A forma das letras e figuras difere um pouco daquelas da edição anterior”.
Todos os quatro valores foram impressos tipograficamente em chapas eletrotipadas, compostas por 150 clichês em quinze linhas horizontais de dez selos. As filas foram numeradas nas margens como na emissão de 1857. Foram impressos em papel sem filigrana, no qual a rede invisível de carbonato de chumbo já havia sido anteriormente impressa. Existem vários bastante pronunciados tons de cores de todas as denominações.
Ano 1859. Tipografado. Fundo Telado. Sem filigrana.
½ Silbergroschen (MiNr. 13) Vermelho-alaranjado escuro a Vermelho-alaranjado, sobre papel Branco
Em Maio de 1860, uma nova impressão do selo de ½ Silbergroschen (6 Pfennige) foi feita a partir das chapas originais das placas de 1850. Como estes selos foram impressos em papel sem filigrana, não poderá ser confundido com o selo de 1850. O papel desses selos também possui a rede incolor de carbonato de chumbo. Tonalidades pálidas e profundas podem ser encontradas nesse selo.
[continua na parte 3]
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