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31 agosto 2017

«I. Kontrollratsausgabe “Ziffern im Oval”», variedades que valem a pena procurar



«I. Kontrolratsausgabe: Ziffern im Oval», ou em Português: «1ª Emissão de Controle: Cifra em Oval»
Filigrana DEUTSCHE POST “6 X fallend”
Mi Nr. 911/937


A Primeira emissão geral de selos do Conselho de Controle Aliado de ocupação na Alemanha pós-guerra foi emitida no início de Fevereiro de 1946 e circularam até Maio de 1948. Anteriormente, circularam emissões locais na Zona de Ocupação Soviética e emissões comuns para as Zonas Americanas e Britânica (as emissões chamadas «Bizone»). A Zona de Ocupação Francesa emitiu seus próprios selos do final da Guerra até a fundação da República Federal da Alemanha.

Estes são selos comuns, que podem ser facilmente encontrados carimbados e até mesmo novos em pacotes kiloware. Os filatelistas costumam ter dezenas de repetições dos mesmos. Mas há dois pequenos detalhes sobre os mesmos que me fazem escrever este artigo:


1. Variedades de Cor.

  

Existem em todos os valores. Alguns selos possuem 2, 3 e até 4 tonalidades diferentes e deve-se ficar atento às mesmas. O MICHEL Deutschland Spezial-Katalog as enumera e dá cotações para todas. Algumas tonalidades de certos valores são muito valiosas. Olho nelas!


2. Filigrana Invertida.

Esses selos foram impressos com a filigrana DEUTSCHE POST “fallend” ou seja, com as letras “caindo” para a direita. Por erro, existem exemplares com a filigrana DEUTSCHE POST “steigend”, ou seja, “caindo” para a esquerda. MICHEL Deutschland Spezial-Katalog enumera 8 valores com a filigrana desta forma:

A filigrana invertida é encontrada nos valores de 2, 10, 45, 50, 60, 75, 80 pf e 1 RM. A cotação do selo mais barato, carimbado, é de € 200, então vale a pena observar atentamente cada´peça.

Não é necessário a utilização de Benzina para verificar as filigranas: Basta observar a «Gummiriffelung», ou “ondulação” da goma no verso do selo. Estas se apresentam como uns “riscos” na trama do papel no verso dos selos, como ilustrado abaixo. Nos selos novos com goma, esses “riscos” são muito evidentes. Nos carimbados, lavados ou sem goma, talvez seja necessário a utilização de um pequeno foco de luz pra visualizar essa trama da goma (uma lanterna serve!).


Se as ondulações estiverem na vertical, como acima ilustrado, é o selo comum, filigrana “6 X fallend”.

Mas se estiverem na HORIZONTAL, é a filigrana “6 Y steigend” e você encontrou uma valiosa peça ;-)

Buscando no meu stock, conferi mais de 800 selos destes, e encontrei 2 peças, de 2 valores faciais diferentes.

E você, será que tem algum? Deixe seu comentário abaixo, e boa caçada!

29 agosto 2017

«Kaiseryacht SMY Hohenzollern» Tiragens dos tempos de Paz (Friedensdrucke) e de Guerra (Kriegsdrucke) nos selos da Nova Guiné Alemã

5 Pfennig verde, filigrana Rauten (losangos), emitido em 1914.
Este é o selo que me motivou a escrever este artigo.
Coleção Rubens Bulad


Observe o selo de 5 Pfennig verde, (MiNr. 21, I ou II?) acima: você seria capaz de dizer se este selo é  Friedensdrucke ou Kriegsdrucke? Darei a resposta no final deste artigo.


Algumas emissões alemãs do período 1905-1920, como as séries «Germania», «Imagens Representativas do Império Alemão», e «Kaiseryacht SMY Hohenzollern», existem em duas formas de impressão: Friedensdrucke, e Kriegsdrucke.

As impressões dos tempos de Paz (Friedensdrucke) e dos tempos de Guerra (Kriegsdrucke) se diferem da seguinte forma:

Friedensdrucke, Impressões dos tempos de Paz: Impressão limpa, de alta qualidade, cores frescas e brilhantes, os traços finos no design dos selos são limpos, retos e claros (sem grandes interrupções), a filigrana (quando existe) é claramente visível. Papel calandrado (acetinado, lustroso). No geral, foi utilizada Goma Arábica no verso.

Kriegsdrucke, Impressões dos tempos da 1ª Guerra Mundial: Devido ao esforço alemão de Guerra, foram utilizados materiais mais baratos e de qualidade inferior na impressão dos selos. Portanto temos: Impressão grosseira, de baixa qualidade, muitas vezes (mas nem sempre) com cores de aparência suja ou borrada, traços finos do design com muitas interrupções ou falhas. O papel é de qualidade inferior, com inclusões, e devido a ser muito absorvente, o selo frequentemente tem uma aparência “suja”. Nos exemplares carimbados, a tinta do carimbo costuma ser absorvida pelo papel e ficar borrada. A filigrana (quando existe) é pouco visível. No geral, foi utilizada Goma Dextrina no verso.


Filatelistas experientes nessas emissões detectam as diferenças entre Friedensdrucke e Kriegsdrucke à simples vista. Uma boa lupa costuma ser o suficiente pra detectar sem dúvidas qual em dos dois tipos de impressão está determinado selo. Eu costumo utilizar um scanner, com resolução de 1200 dpi, pra não sobrar a menor dúvida.


Os selos «Kaiseryacht SMY Hohenzollern» das emissões da Nova Guiné Alemã de 1914 a 1918, com filigrana Rauten (losangos, ou diamantes) existem na seguinte forma: Alguns em ambos os tipos de impressões, e um único selo (o último emitido) somente em Kriegsdrucke, desta forma:




Observando o catálogo MICHEL, percebe-se o seguinte nas emissões COM FILIGRANA emitidas em 1914-19:

Selo de 5 Pfennig: Existe Friedensdrucke e Kriegsdrucke

Selo de 10 Pfennig: Existe Friedensdrucke e Kriegsdrucke

Selo de 5 Mark: Existe Friedensdrucke (com 26:17 buracos de perfuração) e Kriegsdrucke (com 26:17 e 25:17)

Selo de 3 Pfennig: Somente Kriegsdrucke


Entendendo o contexto dessas emissões: A Nova Guiné Alemã foi um protetorado do Império Alemão de 1884 até 1914, que incluía a porção nordeste da Nova Guiné e alguns arquipélagos vizinhos menores, e que hoje integram a Papua-Nova Guiné. Após o início da Primeira Guerra Mundial, as tropas australianas capturaram a colônia e, no final da guerra, por força do odioso Tratado de Versailles de 1919, se tornou um mandato australiano com cooperação britânica, e que, futuramente, se tornaria na atual nação independente da Papua-Nova Guiné.

O selo de 3 Pfennig (MiNr. 24) e com FILIGRANA RAUTEN (losangos) foi emitido em 1918, já no final da guerra, e somente existe em Kriegsdrucke. Por isso, pode ser utilizado como base para diferenciar das emissões Friedensdrucke. Este selo, aliás, não chegou a estar no território da Nova Guiné Alemã, que já estava ocupado pelas tropas australianas desde 1914: Somente foi vendido na agência filatélica de Berlin, portanto genuinamente utilizado (carimbado) não é possível.

Deve-se ter o cuidado pra não confundir com o selo 3 Pfennig (MiNr. 7), sem filigrana, emitido em 1900 e que, por conta da data de emissão, será sempre Friedensdrucke.


3 Pfennig dunkerockerbraun (MiNr. 7) emitido em Dezembro de 1900, sem filigrana. Certamente, Friedensdrucke.
3 Pfennig dunkelorangebraun (MiNr. 24) emitido em 1918, com filigrana. Certamente, Kriegsdrucke.
Coleção Rubens Bulad


ampliando as imagens individuais destas duas peças:

3 Pfennig (MiNr. 7), sem filigrana, emitido em 1900
Sem filigrana, este selo existe SOMENTE em Friedensdrucke.
Coleção Rubens Bulad


3 Pfennig (MiNr. 24), filigrana Rauten (losangos), emitido em 1918, Kriegsdrucke.
Com filigrana, este selo existe SOMENTE em Kriegsdrucke.
Coleção Rubens Bulad


Como esses dois selos são claramente distinguíveis pela emissão sem filigrana ser Friedens- e a com filigrana ser Kriegs-, quais são então as outras diferenças?

Observe atenta e cuidadosamente, nestes dois selos, os cabos de amarração dos mastros, as linhas de fumaça das chaminés do Yacht, as linhas das ondas do mar. No selo MiNr. 7, possuem uma impressão limpa, reta, delicada, claramente distinguível, sem falhas grandes. No selo MiNr. 24 a impressão é grosseira, cheia de falhas, as ondas do mar estão borradas. Em todo o design, as linhas retas são cheias de “bolsões de tinta”, irregulares e cheia de falhas. Nos campos onde o design tem a cor sólida, há pequenas falhas de impressão.

Isso sem contar que o papel e a goma são igualmente de qualidades diferentes. 

O mesmo vai ocorrer nos selos de 10 Pfennig e de 5 Mark. Abaixo, um 10 Pfennig Friedensdrucke: Veja a delicadeza dos traços dos cabos dos mastros, da fumaça do Yacht, das ondas do mar:


10 Pfennig (MiNr. 22 I), filigrana Rauten (losangos), emitido em 1914, Friedensdrucke.
Coleção Rubens Bulad


Agora, o selo de 5 Pfennig verde, da emissão de 1917 (filigrana Rauten, losangos) postado no começo deste artigo. Com base nas informações descritas acima, você seria capaz de dizer se aquele selo é impressão Friedensdrucke ou Kriegsdrucke

As mesmas “regras” aqui postadas, também valem para os selos do “Yacht Hohenzollern” das demais colônias alemãs que existem em ambos os tipos de impressão.

E se você disse que o selo de 5 Pfennig verde do começo deste artigo é MiNr. 21 II, ou seja, Kriegsdrucke, acertou ;-)

Deixe o seu comentário abaixo!

25 agosto 2017

As emissões do Reino da Prússia – Parte 4

REIMPRESSÕES (Reprints, Neudrucke, ND)

Em 1864 foram feitos pedidos para as autoridades postais prussianas por vários governos europeus para espécimes de todos os selos emitidos. Como não haviam mais espécimes da primeira emissão no Correio Central (os poucos incluídos no estoque restante foram encontrados em alguns dos escritórios menores em alguma data posterior, presumivelmente), os cinco valores foram reimpressos em folhas completas usando as chapas originais. Em relação a essas reimpressões, o Sr. Wedmore nos diz o seguinte:

“As reimpressões dos selos de 1, 2 e 3 Silbergroschen foram feitos em papel sem filigrana, e, portanto, pode ser facilmente diferenciado dos originais. As cores dos papéis são quase idênticas às empregadas na emissão dos selos.

As reimpressões dos selos de 4pf foram igualmente realizadas em papel sem filigrana. Duas tonalidades de cor são conhecidas: Verde-amarelado pálido e Verde-azulado escuro. O último é por muitos suposto ser uma prova de cor do ano de 1856, mas a goma, e acima de tudo, o papel, assemelha-se ao usado na impressão Verde-amarelado e na reimpressão de 1864 do selo de 6 pf, que parece mais provável que a tonalidade verde-azulado foi impressa em 1864, devido o verde-amarelado ter uma aparência mais pobre."

A reimpressão do selo 6pf foi feita em papel semelhante, e pode ser distinta da impressão de 1860 em papel sem filigrana pela ausência da rede incolor de carbonato de chumbo. Há também uma diferença na tonalidade, mas não sou especialista em definições de cores para descrevê-lo.

Pequenas quantidades dessas reimpressões foram fornecidas a particulares e para comerciantes pelo valor nominal, e algumas cópias de 1 e 2sgr são conhecidas utilizadas nos correios. A quantidade total impressa de cada valor era muito pequena, e essas reimpressões de 1864 são agora escassas.

Em 1873, várias reimpressões foram feitas para Julius Goldner, de Hamburgo, que pagou uma certa quantia ao governo para o benefício dos soldados feridos na guerra franco-prussiana.

As quantidades destes foram as seguintes:

4pf: 500 folhas de 150 selos = 75.000
6pf: 500 folhas de 150 selos = 75.000
1sgr: 200 folhas de 150 selos = 30.000
2sgr: 200 folhas de 150 selos = 30.000
3sgr: 200 folhas de 150 selos = 30.000


   
½ Silbergroschen (6 Pfennige) e 4 Pfenninge, Reimpressão de 1873
No Catálogo MICHEL, estão em Neudrucke 1873 (MiNr. 1 ND II e 4 ND II)


O Sr. Wedmore dá detalhes interessantes dessas reimpressões da seguinte maneira:

“Essas reimpressões estão todas com papel filigranado, feito nos mesmos moldes que os usados nos selos originais e se assemelham muito aos mesmos. Porém, o papel é mais espesso e mais grosso que os originais, e a goma é grossa, lisa e vítrea em aparência. A impressão é geralmente borrada e a cor verde do selo de 4pf tem uma aparência fresca e brilhante que o original não possui. O 6pf é de uma tonalidade mais laranja avermelhado do que o que é encontrado nos originais.

O papel no qual os valores em Silbergroschen foram impressos é semelhante em textura para o empregado para os valores menores, e a goma também é a mesma. A cor do papel empregado para o 1sgr é um vinho vermelho pálido. As chapas foram mal limpas durante a impressão e os selos, consequentemente, tem uma aparência suja.

As mesmas observações se aplicam aos valores de 2sgr e 3sgr, exceto quanto à cor dos papéis. O utilizado para o 2sgr mudou de cor, de modo que os selos geralmente parecem ser impressos em papel azul muito pálido polvilhado com manchas azuis escuras, que aparecem em ambos os lados do selo. No caso das reimpressões do 3sgr, que originalmente são em papel amarelo, a cor agora mudou principalmente pra um cinza pálido, as vezes com manchas amarelas ou rosadas, devido a alguma ação química.

Toda a reimpressão foi entregue para Julius Goldner, sem que nenhuma peça fosse retida pelas autoridades postais, fazendo com que os funcionários do Museu Postal tivessem de comprar, em 1890, algumas folhas completas para a coleção.”



3 Silbergroschen, Reimpressão de 1873
No Catálogo MICHEL, está em Neudrucke 1873 (MiNr. 2 ND II)


As reimpressões foram impressas a partir das chapas originais, com os seguintes números:

6pf: (Nº 7)
1sgr: (Nº 14)
2sgr: (Nº 6)
3sgr: (Nº 3)
4pf: (Nº 1).

As duas primeiras chapas estão no Museu Postal de Berlim. Os demais já não existem.


IMITAÇÕES OFICIAIS (Nachdrucke)

Além das reimpressões dos selos de 1850-56 acima mencionados, foram feitas em 1864 reimpressões das emissões de 1857, porém estes não são melhores do que imitações oficiais. As chapas eletrotipadas originais empregadas na impressão dos originais já haviam sido destruídas, assim como também as matrizes com os quais os clichês foram criados. Era necessário, portanto, fazer inteiramente um novo cunho. Estes foram feitos de um bloco de madeira que agora repousa no Museu Postal de Berlim junto a outras interessantes relíquias de posse prussiana. Embora tenha sido feita uma tentativa de cópia do design original tão próximo quanto possível, há muitas diferenças pelas quais as imitações podem ser facilmente reconhecidas.

O mais proeminente é que há somente um ponto no lugar dos dois pontos após a palavra «SILBERGR.». O «G» da mesma palavra não tem barra, e o «F» de «FREIMARKE» tem uma linha saliente no lado superior esquerdo.

O 3sgr está com um matiz amarelo muito parecido com os originais, mas o 1sgr e 2sgr estão em tons diferentes de qualquer um encontrado nos selos genuínos. O primeiro é Carmesim brilhante e o último, Lavanda-azulado. O papel é branco e fino, a goma é lisa e branca como a das reimpressões do mesmo período. Essas imitações oficiais foram impressas a partir de chapas especialmente construídas, e depois destruídas. Então, quando um fornecimento adicional foi necessário em 1873, eles foram impressos diretamente do bloco de madeira, e as três matrizes subsidiárias retiradas do bloco de madeira. O Sr. Wedmore nos diz que estes foram impressos “em tiras de papel medindo cerca de 2¼ por 6½ polegadas. Em cada tira, foram impressos o 1sgr, 3sgr, 2sgr e a matriz de cunhagem (sem valor) na ordem nomeada, e as impressões foram tomadas em Carmim avermelhado, Azul profundo, Amarelo acastanhado e Preto. Esses selos não foram gomados.”


FALSIFICAÇÕES

Falsificações das três primeiras emissões são abundantes, mas tudo o que vi é tão grosseiro que dificilmente enganaria o filatelista mais iniciante. O Sr. Wedmore diz também que falsificações dos selos de 10 e 30 Silbergroschen (Golbeater’s Skin) também são conhecidos, embora nunca os tenha encontrado. Estas são ditas pra serem um pouco perigosas, porém as águias e as letras são muito mal desenhadas em comparação com os originais. O papel é muito diferente, sendo fino e branco, em vez de duro e amarelado como nos selos genuínos.


24 agosto 2017

As emissões do Reino da Prússia – Parte 3

A QUINTA EMISSÃO

O Rei Friedrich Wilhelm IV morreu em 2 de Janeiro de 1861 e foi sucedido pelo Imperador Wilhelm I, que decidiu, antecipadamente, que o seu retrato não deveria figurar nos selos postais, publicando um pedido de seu gabinete em 17 de Fevereiro de 1861, decretando assim para a nova série de selos que o Brasão de Armas da Prússia deve ser usado. A economia pode ter tido algo a ver com a sua decisão, pois os novos selos eram iguais para os inteiros postais. A emissão consistiu dos mesmos valores faciais que estavam anteriormente em uso, e havia dois tipos: Um para os valores em Pfennige e outro para as denominações em Silbergroschen.


   
Ano 1861. «Águia Prussiana em Octógono». Valores em Pfenninge. Tipografia e Alto-Relevo. Sem filigrana
4 Pfenninge (MiNr. 14) Verde-Esmeralda claro a Verde-Oliva escuro
6 Pfenninge (MiNr. 15) Laranja-Avermelhado claro


      
Ano 1861. «Águia Prussiana em Oval». Valores em Silbergroschen. Tipografia e Alto-Relevo. Sem filigrana.
1 Silbergroschen (MiNr. 16) Rosa a Lilás-Rosa
2 Silbergroschen (MiNr. 17) Ultramarino-Escuro a Azul-da-Prússia
3 Silbergroschen (MiNr. 18) Ocre a Ocre-Amarronzado


O projeto consiste em um pequeno oval de cor sólida contendo uma Águia Prussiana com as asas abertas, tendo em seu peito um pequeno escudo onde estão as inscrições F. R. (Frederick Rex). Os quadros para os selos de 4 e 6 Pfennige são octogonais, enquanto os demais valores são ovais. Todos estão escritos «PREUSSEN» no topo e com o valor por extenso abaixo. O método de fabricação difere das emissões anteriores e não podemos fazer melhor do que citar o artigo do Sr. Wedmore em relação a esta série:

“Schilling simplesmente gravou a águia e o oval linhado ao seu redor em um pequeno bloco de aço. Ele foi endurecido e uma impressão foi tomada. Essa última foi então pressionada contra duas matrizes de aço. Schilling em seguida gravou em um deles o design dos valores de Pfennige e no outro o design dos valores em Silbergroschen, mas sem figuras ou letras. Essas matrizes foram então endurecidas e impressões foram tomadas em aço macio. Nestes, Schilling gravou a palavra PREUSSEN e as denominações dos valores. Duas destas matrizes foram gravadas para 5 e 6 Silbergroschen, mas não foram emitidos selos desses valores.

Dos cunhos acima mencionados, foram feitas 50 impressões de cada valor (exceto de 5 e 6 Silbergroschen) em pequenos pedaços de chumbo medindo 23x20mm, e estes, dispostos em cinco linhas horizontais de dez clichês, cada valor separadamente. Destes, três eletrotipos de chapas de cada valor foram retirados, e as três chapas juntas formam uma só chapa de impressão. As filas foram numeradas nos quatro lados, como na emissão anterior, e algumas das chapas, talvez todas, foram rotuladas em vez de numeradas, como na edição de 1850. Na parte superior e inferior de cada chapa, foi fornecido um “ponto de agulha”, onde foi impresso em cores na margem da folha.

A impressão em cores e a “gravação em relevo” do design central foi feito em um processo no qual na verdade o centro do design não era, propriamente falando, em relevo, mas ligeiramente pressionado no papel, que foi umidificado antes de ser pressionado, para tornar a operação mais fácil. As folhas dos selos foram primeiro engomadas e depois picotadas em percé. Para a goma, foi utilizada goma arábica misturada com glicerina.

A picotagem percé foi feita à mão da seguinte maneira: Uma moldura contendo linhas verticais de tiras de aço afiadas conectadas por pequenas tiras horizontais, todas com suas bordas em intervalos regulares, foi colocada na prensa. O quadro tinha uma tampa articulada. Nessa tampa, na parte superior e inferior, estavam duas agulhas, onde a folha de selos era inserida, com as agulhas perfurando a folha nos “pontos de agulha” coloridos já mencionados, garantindo assim que a folha fosse com precisão colocada sobre as linhas de aço. A tampa era então abaixada, e uma alavanca de mão aplicada, assim, pressionando a folha nas linhas em percé. Apenas uma folha era roleteada em percé por vez, e 1.000 folhas eram picotadas no “dia útil” daqueles “bons velhos dias” que consistia em 10 horas. O aparelho de picotagem foi fornecido por Sutler, um fabricante de máquinas de Berlim.”

Uma circular oficial, datada de 19 de Setembro de 1861 foi emitida para os correios, notificando-os sobre a nova iminente emissão e instruções foram dadas para que os novos selos não fossem vendidos até que os estoques da emissão anterior fossem inteiramente esgotados. Embora os selos estivessem disponíveis para uso em 1º de Outubro de 1861, nenhum deles é conhecido com data anterior a Novembro.

As cores escolhidas para os respectivos selos seguiram as anteriores, exceto com exceção do selo de 3 Silbergroschen, que foi impresso em Ocre-Marrom para se adequar com o esquema de cores adotado pela União Postal Alemã-Austríaca.

Uma circular do correio de 6 de Março de 1865 anunciou que um selo de 3 Pfennige em violeta seria adicionado à série, o qual apareceu em 1º de Abril, seguindo o mesmo design dos demais valores em Pfennige. Esse selo estava destinado a ser utilizado em material impresso enviado para a Noruega.



Ano 1865. «Águia Prussiana em Octógono». Valor em Pfenninge. Tipografia e Alto-Relevo. Sem filigrana
3 Pfenninge (MiNr. 19) Rosa-Lilás médio a Lilás-amarronzado


Todos os seis valores podem ser encontrados em diferentes tonalidades de cor e todos são conhecidos sem perfuração. Estes últimos são provas, porém existem espécimes com carimbo postal.


A SEXTA EMISSÃO

A divisão do posto de encomendas do Correio da Prússia lidou com encomendas, ordens de pagamento e cartas seguradas, e antes de 1866, pagamentos em conexão feitas em dinheiro (vales postais). Com o fim de poupar a imensa quantidade de trabalho relacionado com a reserva de todos esses pequenos itens em dinheiro, foi decidido emitir selos nos valores de 10 e de 30 Silbergroschen e, de acordo com uma Circular Oficial de 24 de Novembro de 1866, não deviam ser vendidos ao público, mas para uso interno e ser afixados nas encomendas, etc, pelos funcionários dos correios. Esses selos eram de diferentes tipos e também bastante diferentes em design de todos os demais selos prussianos. Seus desenhos foram gravados por Schilling em uma matriz original em cobre, o qual pode atualmente ser visto no Museu Postal de Berlim.


   
Ano 1866. «Goldbeater’s Skin». Tipografia em Pele de Intestino de Boi ou Porco.
10 Silbergroschen (MiNr. 20) Rosa-avermelhado escuro
30 Silbergroschen (MiNr. 21) Azul-esverdeado escuro


O design para o selo de 10 Silbergroschen mostra um grande numeral no centro de uma banda oval transversal escrito «PREUSSEN» na parte superior e «SILB. GR.» abaixo. Os espaços entre as inscrições são preenchidas com catorze pequenas águias prussianas. O oval recai sobre um fundo retangular que não possui quadro externo e que consiste na repetição das palavras «ZEHN SILBERGROSCHEN» em uma fonte muito pequena. Existem 32 fileiras de letras e no total a inscrição é mostrada três vezes em cada linha. No grande numeral «1» a palavra «POSTMARK» é mostrada em letras minúsculas e a mesma palavra aparece duas vezes no grande «0».

O design para o selo de 30 Silbergroschen mostra um numeral dentro de um quadro retangular similar ao feito com o selo de 10 silbergroschen. Nesse valor, são 10 águias prussianas de cada lado do quadro entre as inscrições. O plano de fundo mostra as palavras «DREISSIG SILBERGROSCHEN» repetido duas vezes em cada uma das vinte horizontais linhas, enquanto «POSTMARKS» é gravado em cada um dos grandes números, como no caso do selo de 10 silbergroschen. O Sr. Wedmore descreve a maneira como estes dois selos foram fabricados:

“O design foi gravado no formato positivo, isto é, uma impressão do cunho mostraria o lado invertido. Dois eletrotipos foram tomados e dispostos em dez linhas de dez selos cada. As linhas foram numeradas na margem em todos os quatro lados. Os selos eram então impressos em papel transparente especial (pele de Goldbeater), no qual um dos lados foi pintado com uma solução de colódio e gelatina antes da impressão. Os selos assim foram impressos no lado assim tratado, e a goma aplicada no mesmo lado da impressão. Da descrição anterior ver-se-á que o lado impresso do papel era aplicado à encomenda, mas o papel sendo transparente e o selo sendo gravado positivamente, o design era visível em sua própria forma sobre o que podemos chamar de lado do anverso.

Os selos foram roleteados da mesma forma que antes descrito na emissão anterior, mas, em uma nova moldura que continha 10 roletas em 20 centímetros. O método único de produção foi invenção de um alemão-americano, que vendeu a patente ao governo da Prússia alguns anos antes dos selos serem emitidos. Embora a Prússia tenha se juntado à Confederação da Alemanha do Norte em 1º de Janeiro de 1868, e em comum com outros membros da União, deixou de emitir seus próprios selos distintos, havia um grande estoque desses selos de 10 e 30 Silbergroschen, os quais a Confederação continuou a usá-los até o final de Fevereiro de 1869.”

Pele de Goldbeater: Consiste na membrana externa processada do intestino de um animal, tipicamente de boi, e às vezes de porco. É utilizado principalmente como suporte para a fabricação de folhas finíssimas de ouro para encadernações de capas de livros, etc. Para fabricar a pele de Goldbeater, o intestino do boi (ou outro animal, tal como o porco) é embebido em uma solução diluída de hidróxido de potássio, em seguida é lavado, esticado, prensado até se tornar plano e fino e tratado quimicamente para evitar a putrefação.

Sim, é exatamente isso que você leu! Esses selos não foram impressos em papel, como parece óbvio, e sim, na finíssima pele do interior do intestino de um boi ou porco! Os selos impressos nesse material, único caso na Filatelia Mundial, são extremamente frágeis, e a imensa maioria dos “sobreviventes” de nossos dias possui algum tipo de defeito: cor desbotada, amincis, rasgos, etc. São raríssimos os exemplares em perfeito estado de conservação. Existem falsificações grosseiras desses selos, geralmente em papéis semelhantes a papel de seda.

Estes selos são extremamente sensíveis à água e também à benzina, e jamais deve-se tentar separar os selos de algum fragmento de correspondência que esteja grudado no mesmo, pois os mesmos foram criados justamente para estragarem irremediavelmente caso tente ser removido.


A SÉTIMA EMISSÃO

A Prússia, tendo adquirido o restante dos Direitos dos Príncipes de Thurn und Taxis por 3 Milhões de Thaler a partir de 1º de Julho de 1867, foi obrigada a fornecer uma série de selos em moeda Kreuzer até que mais arranjos pudessem ser feitos. Esses selos também foram utilizados na parte da Baviera cedida à Prússia pelo tratado de 22 de Agosto de 1866, no final da Guerra entre ambos. Cinco valores foram emitidos, 1, 2, 3, 6 e 9 Kreuzer. Um Kreuzer equivalia a 3 3/7 Pfennige, e as taxas das cartas foram fixadas como 3, 6 e 9 Kreuzer equivalentes a 1, 2 e 3 Silbergroschen. Os dois valores mais baixos, 1 e 2 Kreuzer, foram utilizados para impressos, amostras e cartões postais.



Ano 1867. «Águia Prussiana em Octógono». Valor em Kreuzer. Tipografia e Alto-Relevo. Sem filigrana
1 Kreuzer (MiNr. 22) Verde-Esmeralda (tons)
2 Kreuzer (MiNr. 23) Laranja (tons)
3 Kreuzer (MiNr. 24) Carmin claro a Rosa-acarminado claro
6 Kreuzer (MiNr. 25) Ultramarino escuro a Azul médio
9 Kreuzer (MiNr. 26) Ocre-marrom a Cinza-marrom claro


O design é o mesmo para todos e consiste em uma águia prussiana dentro de um quadro hexagonal interceptado pelos lados por um grande bloco para os numerais do valor, que fazem parte do fundo sólido sobre o qual repousa a Águia, que está em relevo. No topo há a inscrição «PREUSSEN» em um fundo ornamental, e na base a inscrição «KREUZER».

Para o design da Águia central, foi feito o mesmo que com os selos de 1861-65, enquanto que a gravura do restante do projeto para os respectivos valores foi igualmente trabalho do Sr. Schilling. Os selos foram impressos em painéis de 100, em dez fileiras de dez selos, e roleteados 16. As quatro margens foram numeradas nas extremidades da horizontal e linhas verticais.


RESTANTES

O uso dos selos prussianos cessou em 31 de Dezembro de 1867, pois, no dia seguinte, os selos da Confederação da Alemanha do Norte entraram em circulação. Haviam restos consideráveis das emissões de 1861-67 e no final de 1868 foram feitas tentativas para dispor dos mesmos. O falecido M. Moens ofereceu para compra o lote que compreende nada menos do que 500.000 folhas das emissões de 1861-67, além de um grande número de envelopes e um grande estoque dos também obsoletos selos de Schleswig-Holstein. O preço mínimo era o custo de fabricação que, no caso dos selos, eram de 2½ Thalers por 100 folhas. O valor de todo o lote foi estimado em 3.000 Thalers e como não foi encontrado comprador pra tal quantidade, esse número foi reduzido, sendo uma porção do estoque sendo vendido para um fabricante de papel com a finalidade de ser reduzido a polpa. O restante foi cuidadosamente contabilizado e consistiu no seguinte:

1850
6pf: 270 cópias
1sgr: 19 cópias
2sgr: 13 cópias
3sgr: 38 cópias

1856
4pf: 85 cópias
4Pf: 21 cópias (papel sem filigrana)

1857
6pf:  80 cópias
1sgr: 10 cópias
2sgr: 6 cópias
3 sgr: 30 cópias

1858
4pf: 88 cópias
1sgr: 79 cópias
2sgr: 64 cópias
3sgr: 61 cópias

1861
4pf, 6pf, 1, 2 3sgr: 30.000 cópias de cada

1865
3pf: 30.000 cópias

1867
1, 2, 3, 6 e 9kr: 30.000 cópias de cada.

Os selos de 10 e 30 Silbergroschen (Golbeater’s Skin), como já dissemos, não foram oferecidos para venda, e continuaram sendo utilizados como selos da Confederação.

Todo o lote acima, junto a 10.000 envelopes e 270.000 selos de Schleswig-Holstein foi vendido para o Sr. Julius Goldner, de Hamburgo, por 1.000 Thalers. As quantidades comparativamente pequenas dos selos de 1850-58 foram imediatamente adquiridas por M. Moens e não demorou antes que o saldo do estoque fosse inteiramente disperso.


[continua na parte 4]


23 agosto 2017

As emissões do Reino da Prússia – Parte 2

A TERCEIRA EMISSÃO

O governo da Prússia evidentemente achou o processo de impressão de chapa de aço em Talho-Doce muito caro, e em 1856, por motivos de economia, foi decidido mudar o método de impressão. Ao mesmo tempo, decidiu dispensar os papéis coloridos para os valores em Silbergroschen e passou a realizar a impressão à cores. O público foi informado sobre a iminente alteração por meio de um aviso oficial publicado em dezembro de 1856, à saber:


Nº 203 MUDANÇA NOS SELOS
Os selos de 1, 2 e 3 Silbergroschen, que até agora foram impressos em papel colorido, serão impressos no futuro em papel branco. O desenho dos selos, aparecerá, portanto, em vez de preto até agora, em rosa-vermelho para o 1 Sgr., em azul para o 2 Sgr. E em amarelo para o 3 Sgr. Os correios estão sendo informados desta alteração, e notificados que a emissão desses selos começará com o próximo ano, e que os selos de 1, 2 e 3 Sgr. Impressos em preto sobre papel colorido permanecerão atuais até que os estoques atuais dos mesmos sejam finalmente exauridos.
CORREIO CENTRAL
(assinado) SCHMUCKERT
BERLIM 23 DE DEZEMBRO DE 1856.



Ano 1857. Tipografia. Fundo Liso. Sem filigrana.
1 Silbergroschen (MiNr. 6) Carmin-avermelhado claro a Carmin, sobre papel Branco
2 Silbergroschen (MiNr. 7) Cobalto a Azul-Escuro, sobre papel Branco
3 Silbergroschen (MiNr. 8) Laranja-amarelado a amarelo-alaranjado claro, sobre papel Branco


A partir da redação desse aviso, foi assumido que os selos seriam emitidos em 1º de Janeiro de 1857, mas espécimes datados anteriores a junho são raramente encontrados. O design é muito semelhante ao da primeira emissão e é evidente que não havia nenhuma intenção oficial em se mudar o design. O retrato do Rei foi gravado em madeira por Schilling, sendo o fundo liso e sólido, em vez de telado com linhas horizontais e verticais como antes. O quadro se assemelha à emissão anterior, e tem inscrições similares. A expressão no retrato do Rei difere consideravelmente do tipo de 1850, a aparência sonolenta do primeiro deu lugar a uma expressão diletante nervosa no segundo. As folhas de carvalho nas laterais estão mais claramente definidas e há dois pontos em vez de um para abreviar a palavra SILBERGR:, sendo esta a forma correta da abreviatura para “Silbergroschen”.

Do cunho de madeira original gravado por Schilling, três matrizes subsidiárias foram gravadas e, os detalhes necessários de valor sendo adicionados a estes. 150 eletrotipos de cada um foram feitos e apertados juntos em quinze fileiras horizontais de 10 selos para formar as placas de impressão. As linhas foram numeradas verticalmente e horizontalmente nas margens dos quatro lados, mas se as chapas continham números, isso é desconhecido.

A chapa de 3 Silbergroschen estava pronta primeiro e foi utilizada como teste, com as impressões sendo feitas em rosa, azul e amarelo. Como estas folhas eram engomadas, presumiu-se que que os selos em rosa e azul fossem erros de cor, mas agora sabe-se que eram provas.

Um cunho para o selo de 4 Pfennige deste tipo foi criado e provas em cor verde são conhecidas, mas esse valor nunca foi emitido.

De acordo com Ohrt e Krötzsch, a mudança no processo de impressão ocorreu não só por motivos econômicos, mas também por causa da facilidade de se remover os carimbos mais fracos, que muitas vezes não penetravam as linhas salientes da impressão em Talho-Doce. Isso facilitou a lixiviação de peças carimbadas e a sua posterior reutilização. Para impedir tais manipulações, foi estabelecido que os selos seriam impressos com cores delicadas e em papel branco ao invés de papel colorido.

Os selos foram impressos em papel ondulado branco (wove paper), e como salvaguarda contra falsificações na ausência de filigrana, o mesmo recebeu uma impressão incolor em forma de rede com uma tinta de carbonato de chumbo antes da impressão dos selos. Essa rede se torna visível através da lavagem dos selos com uma solução sulfurosa hidratada, ou, mais permanentemente e com menos perigo de descolorir o selo, por fumaça de hidrogênio sulforoso, que o Sr. Wedmore descreve como “um composto de cheiro muito maligno. A goma é mais branca que a usada anteriormente, porém mais grossa e muito mais inclinada à craquelação”.




Imagens: Selos da Terceira e Quarta Emissões (MiNr. 7 e 11) com danos causados pela rede de Carbonato de Chumbo, que se tornou Sulfeto de Chumbo. Esses danos são causados por mal armazenamento dos selos, especialmente em contato com plásticos contendo PVC.


MICHEL observa, em uma pequena nota de rodapé, que a rede escura ou marrom pode aparecer até mesmo com o armazenamento inadequado dos selos.  Na internet, em fóruns de Filatelia específica para os selos dos antigos Estados Alemães, corre a informação de que o armazenamento destes selos em álbuns chineses, feitos de plástico PVC, ou fitas protetoras de qualidade inferior, ou em caixas de papel ácido, podem fazer com que a rede de carbonato de chumbo se torne visível. O leiloeiro Peter Feuser apresenta um estudo sobre o problema clássico da rede de carbonato de chumbo nos selos da Prússia e o classifica como “Danos típicos de sulfeto de chumbo Categoria III”. Ele explica: “Os selos de terceiro grupo com danos por sulfeto de chumbo se relacionam com a rede impressa com carbonato de chumbo nos selos, como proteção contra falsificações. Normalmente são invisíveis, e se tornam visíveis apenas por manipulação química (com sulfureto de hidrogênio) preto ou castanho-preto, e leva a uma diminuição significativa do valor do selo em questão. Nas últimas décadas temos lidado com uma acumulação excepcional de selos assim danificados”.

Baseado em minha experiência pessoal e com os materiais filatélicos disponíveis aqui no Brasil, Eu (Rubens Bulad) não recomendo armazenar os selos desta emissão em fitas protetoras «Maximaphil», nem em folhas para classificadores feitas em material plástico ou vinil (isso inclui os luxuosos modelos «Vario» da Leuchtturm, e similares da Lindner e demais marcas de primeira qualidade e acredito ser a primeira vez na vida que não recomendo essas marcas!), tampouco em classificadores «Walis» fabricados no Brasil, cujos papéis são ácidos, e menos ainda em álbuns fabricados na China. O melhor local para estes selos são os classificadores cujas páginas são fabricadas em papel acid-free (marcas Leuchtturm, Lindner, Prinz, etc), cujas páginas intercaladoras sejam de Papel Parafinado (aquele que se parece com papel vegetal, disponível na maioria dos classificadores comuns), e se possível, os bolsinhos internos sejam do mesmo material, e não de plástico Rhodhoid transparente, como nos modelos mais luxuosos. Evite ao máximo o contato desses selos com QUALQUER plástico, especialmente se for PVC.


A QUARTA EMISSÃO

Em 1858, o design dos selos de 1, 2 e 3 Silbergroschen foi modificado, e os novos selos começaram a aparecer em setembro, sendo colocados à venda assim que os estoques das emissões anteriores fossem exauridos nas diversas agências dos correios. Um selo de 4 Pfennige de tipo similar foi emitido em 1859. A modificação no design consistiu na alteração do plano de fundo, que passou a ser cruzado horizontal e verticalmente, de forma semelhante à linha gravada dos selos da primeira emissão. Porquê a mudança foi realizada, é um mistério, a menos que as autoridades presumissem que o carimbo não fora mostrado com distinção suficiente contra o fundo sólido da série anterior.


          
Ano 1858. Talho-Doce. Fundo Telado. Sem filigrana.
4 Pfennige (MiNr. 9) Verde-Oliva escuro a Esmeralda, sobre papel Branco
1 Silbergroschen (MiNr. 10) Vermelho-acarminado claro a Lilás-avermelhado, sobre papel Branco
2 Silbergroschen (MiNr. 11) Cinza-ultramarino a Azul-da-Prússia Escuro, sobre papel Branco
3 Silbergroschen (MiNr. 12) Amarelo-alaranjado escuro, sobre papel Branco


Pouco se sabe sobre o método de fabricação desses selos, mas o Sr. Wedmore nos diz que “uma comparação com os selos da última edição mostra que a impressão foi feita no mesmo bloco de madeira, criando-se então o fundo e as denominações dos valores, imagens e palavras, gravadas separadamente para cada valor da série. A forma das letras e figuras difere um pouco daquelas da edição anterior”.

Todos os quatro valores foram impressos tipograficamente em chapas eletrotipadas, compostas por 150 clichês em quinze linhas horizontais de dez selos. As filas foram numeradas nas margens como na emissão de 1857. Foram impressos em papel sem filigrana, no qual a rede invisível de carbonato de chumbo já havia sido anteriormente impressa. Existem vários bastante pronunciados tons de cores de todas as denominações.



Ano 1859. Tipografado. Fundo Telado. Sem filigrana.
½ Silbergroschen (MiNr. 13) Vermelho-alaranjado escuro a Vermelho-alaranjado, sobre papel Branco


Em Maio de 1860, uma nova impressão do selo de ½ Silbergroschen (6 Pfennige) foi feita a partir das chapas originais das placas de 1850. Como estes selos foram impressos em papel sem filigrana, não poderá ser confundido com o selo de 1850. O papel desses selos também possui a rede incolor de carbonato de chumbo. Tonalidades pálidas e profundas podem ser encontradas nesse selo.


[continua na parte 3]

22 agosto 2017

As emissões do Reino da Prússia – Parte 1

Embora a Austria tenha assumido a liderança na introdução de selos postais em seu serviço de Correios, e a Baviera tenha sido o primeiro dos antigos Estados Alemães a emitir selos, a Prússia não ficou muito atrás, e pela força de sua administração postal, rapidamente tomou a liderança nos assuntos postais em toda a Alemanha.

Por decreto do Rei Friedrich Wilhelm IV, de 21 de Dezembro de 1849, foram introduzidos novos regulamentos para o serviço postal, sob o qual as taxas para as cartas individuais (i.e., aquelas que pesam menos que 1 Loth ou ½ onça) foram corrigidas da seguinte forma:

Até 10 milhas alemãs: 1 Silbergroschen
de 10 a 20 milhas alemãs: 2 Silbergroschen
acima de 20 milhas alemãs, 3 Silbergroschen.

Cartas mais pesadas foram cobradas de acordo com o peso, a taxa de registro (carta registrada) foi fixada em 2 Silbergroschen e uma comissão de ½ Silbergroschen foi cobrada de pacotes e de ordens de pagamento.

Também foi anunciado que selos seriam preparados e emitidos em 30 de Outubro de 1850, mas uma circular do Ministro da Fazenda corrigiu a questão dos selos para o público a serem emitidos em 15 de Novembro de 1850. Naquela época, a moeda consistia no Thaler, dividido em 30 Silbergroschen. Um Silbergroschen, por sua vez, valia 4 Pfennige.

O primeiro conjunto consistiu em quatro valores: ½ (6pf), 1, 2 e 3 Silbergroschen. O selo de ½ Silbergroschen (6 Pfennige) foi amplamente utilizado em pagamento pela taxa de entrega de correspondência. Essa cobrança foi fixada em ½ Silbergroschen (6 Pfennige) onde havia uma estação de correios, e em 1 Silbergroschen para outros lugares. Quando as cartas eram reclamadas nos correios, nenhuma taxa de entrega era cobrada.

Pouco tempo depois da emissão desses selos, os correios alemães e austríacos formaram uma união para o intercâmbio de correspondência entre a Austria e os vários estados alemães. Foi principalmente devido à Prússia que essa União se tornou possível, e este foi o primeiro de muitos passos progressivos feitos pelo Reino no interesse de uma maior eficiência postal.

Em 1º de Maio de 1856, um selo complementar, de 4 Pfennige, foi emitido para o pagamento antecipado da correspondência impressa.

Em 1857, os valores em Silbergroschen foram impressos em Tipografia, em vez de Talho-Doce, por motivos de economia. Em 1858, o primeiro design foi reintroduzido em um papel sem filigrana. Em 1861, seguindo a ascensão do Rei Willem I, uma nova série com o Brasão Prussiano apareceu, e em 1866, dois valores altos foram introduzidos para uso em pesados pacotes. Em 1867, um conjunto de cinco valores na moeda Kreuzer, foram emitidos, sendo essas para uso nos estados atendidos pela Administração de Thurn und Taxis, cuja gestão a Prússia tomou a partir de 1º de Julho de 1867. Com a formação da Confederação da Alemanha do Norte em 1º de Janeiro de 1868, a Prússia deixou de emitir seus selos individuais.


A PRIMEIRA EMISSÃO

         

Ano 1850. Talho-Doce. Fundo Telado. Filigrana Coroa de Louros.
½ Silbergroschen (MiNr. 1) Laranja-avermelhado, sobre papel Branco
1 Silbergroschen (MiNr. 2) Preto, sobre papel cinza-avermelhado a vermelho-acarminado (rosa)
2 Silbergroschen (MiNr. 3) Preto, sobre papel cinza-azulado a azul-ultramarino (azul)
3 Silbergroschen (MiNr. 4) Preto, sobre papel amarelo-avermelhado a amarelo-amarronzado (amarelo)


O primeiro conjunto de selos da Prússia, como anunciado na Circular Oficial de 30 de Outubro de 1850, foi emitida em 15 de Novembro daquele ano. O conjunto consistiu de quatro valores diferentes: ½ Silbergroschen (equivalente a 6 Pfennige), 1, 2 e 3 silbergroschen, pelos quais as várias tarifas postais eram representadas. Todos os quatro selos são semelhantes em design e mostram um retrato do Rei Friedrich Wilhelm IV com a cabeça para a direita, em um fundo de linhas cruzadas horizontal e verticalmente. O retrato está incluído dentro de um quadro retangular inscrito «FREIMARKE» no topo e com o valor por extenso na parte inferior. As bordas laterais são preenchidas com ornamentação de folhas de Carvalho, há pequenas cruzes nos ângulos superiores e nos cantos inferiores estão os numerais do valor. O design e os cunhos foram trabalho de Eduard Eichens, um gravador de Berlim. Ao que parece, dois projetos foram enviados, e o escolhido foi modificado até certo ponto antes da gravação dos cunhos. Sobre isto, há uma citação do Sr. Ralph Wedmore, no artigo de maio de 1910 na revista Stamp Lower, à saber:

“Ele (Eduard Eichens) fez dois desenhos em um cunho de prata. Um mostrando o busto do Rei, quase cheio, em um fundo sombreado, com um único quadro retangular, com a inscrição inferior 1 SGR. KPGA (1 Silbergroschen, Konigl. Preuss. General Post Amt.) e o numeral 1 em um triângulo em cada parte superior dos cantos. O outro desenho mostrava um busto do rei em perfil à direita, em um fundo preto, em um quadro telado, com as inscrições K POST A no topo e EIN SILB GR abaixo, e o numeral 1 em cada um dos quatro cantos. Esses dois desenhos podem ser vistos no Museu dos Correios em Berlim por alguém que visite essa cidade. O segundo projeto foi substancialmente aprovado, e Eichens gravou-o sobre aço, mas com a palavra POSTMARKE no topo e nenhuma indicação de valor abaixo.

Eu não vi o cunho, que está no Museu do Correio em Berlim, mas parece altamente provável que este cunho original foi utilizado para imprimir os selos emitidos em 1850. No livro do Capitão Ohrt sobre os selos da Prússia, a sugestão é feita de forma que foi criado um novo cunho, suportando apenas a cabeça do Rei e o fundo cruzado (telado), para a primeira emissão. Ampliação dos quatro selos e dos 4 Pfennige de 1856 mostram uma grande semelhança, exceto que no selo de 4 Pfennige as características do busto do Rei são mais nítidas, o que faz o rosto parecer menor. Uma comparação dos próprios selos mostrarão que as linhas de sombreamento no 4 Pfennige, embora muito mais finos, são idênticos em forma e posição com os valores anteriores. O selo de 4 Pfennige tem uma aparência mais suave, devido os pontos finos entre as linhas de sombreamento, que são eles mesmos na maior parte divididos em pontos. Outro ponto marcante de diferença é que no selo de 4 Pfennige as folhas de carvalho são perfeitamente desenhadas, enquanto que nos demais valores anteriores são simplesmente indicados por traços.

Não existindo provas positivas ao contrário, sugiro que o seguinte método foi empregado: Impressões do cunho original foram gravados em rolos de aço macio e os pontos finos entre as linhas de sombreamento foram parcialmente removidas. O rolo foi então endurecido, e uma nova impressão bastante fraca em quatro blocos de aço macios, um para cada um dos valores exigidos, foi criada. A palavra POSTMARKE no topo foi então cuidadosamente apagada, e FREIMARKE foi gravado no seu lugar. As bordas com folhas de carvalho e as linhas de sombreamento no fundo foram gravados em cada uma das quatro matrizes, seguindo as linhas levemente cunhadas no rolo de impressão, mas com efeito mais ousado. O topo da cabeça e da testa foram delineados, enquanto que no cunho original não há tais traços, como pode ser visto por referência no selo de 4 Pfennige. As figuras e as palavras de valor foram então adicionadas. A teoria acima mencionada parece mais provável, uma vez que existem leves diferenças nas linhas do cabelo e nas linhas de sombreamento da face em cada um dos quatro valores. As diferenças são de tal natureza que sugerem que cada selo foi independentemente gravado, mas são como se as linhas tivessem sido realçadas na cunhagem de cada um dos quatro selos.

Se minha Teoria estiver correta, ou se a declaração do Capitão Ohrt for verdadeira, é certo que as matrizes foram feitas de um cunho original para cada um dos quatro valores em questão, e que a moldura com folhas de carvalho e a inscrição do topo (e claro, os valores abaixo) foram gravados separadamente em cada uma das matrizes secundárias, como pode ser provado por pequenas diferenças que existem nos selos cada um dos valores.”

As chapas, confeccionadas em aço, cada uma contendo 150 clichês de selos, eram dispostos em quinze fileiras horizontais de dez selos cada. As linhas verticais foram então numeradas de 1 a 10 na margem superior, e nas linhas horizontais, numeradas de 1 a 15 na margem esquerda, enquanto no centro da margem direita foi gravado o número da placa, dessa forma: «Platte No. 15». Seja mais do que uma placa de cada valor tenha sido utilizada, não são conhecidas mais placas, exceto as alojadas no Museu em Berlim, e estão numeradas do seguinte modo:

6 pfennig, No. 7.
1 silbergroschen, No. 14
2 silbergroschen, No. 12
3 silbergroschen, No. 10

Esses números provavelmente pertencem a uma série referente às placas feitas por Eichens, ou à empresa com a qual ele trabalhou. O único outro número que nós conhecemos é o da Placa nº 13, que foi utilizada para o selo 1 Silbergroschen.

O papel, feito a mão, com marca d´água com ramos de uma coroa de louros, foi fabricado por Irmãos Ebart de Berlim. O grupo de 150 marcas d’água foi incluída dentro de um quadro com uma única linha nos quatro lados, com a seguinte inscrição: FREIMARKEX DER KOENIGL. PREUS. POST (selos do Correio Real da Prússia).


A Filigrana «Lorbeerkranz» (Coroa de Louros)
Imagem: Catálogo MICHEL


A impressão foi feita em papel branco para o selo de ½ Silbergroschen (6 Pfennige) e em papel colorido para os outros três valores. As tonalidades de cores variam muito para os selos de ½ e de 3 Silbergroschen, e pouco para os demais.

O Sr. Wedmore diz: “Os selos foram impressos em prensas manuais, onde a placa de impressão é aquecida e o papel inserido. As folhas dos selos impressos de chapas aquecidas estavam prontas para a gomagem 24 horas depois, sem sofrer qualquer processo de secagem especial. A goma consistia em 2 partes de goma arábica, ¾ de Dextrina, e ¼ de cola de origem animal. Com a adição de uma pequena quantidade de Chumbo Branco, e foi aplicada à mão com uma escova larga e macia. As folhas foram colocadas entre placas, que tinham tiras estreitas de madeira em cada extremidade para manter cada camada separada até a secagem, e depois colocadas entre painéis aquecedores, e em seguida em uma prensa por várias horas para aplainá-los”.

Como o Escritório de Impressão do Estado não existiu até 1º de Janeiro de 1853, no início os estoques foram impressos sob contrato, sob chapas de cobre de uma gráfica de Berlim cujo nome é desconhecido.

O Instituto de Imprensa do Estado (Königlische Preussische Staatsdruckerei) logo se tornou um estabelecimento muito importante e nos anos subseqüentes, lá foram impressos os selos para muitos dos estados alemães, bem como da própria Prússia. Em muitos casos, também, as emissões da Prússia serviram como um guia e um padrão de cor e valor para as emissões de muitos de seus vizinhos. Para citar um breve artigo na revista Stamp Collector, do Sr. Overy Taylor, “em assuntos postais, Berlim foi a capital da Alemanha muito antes de assumir essa posição política, e é por crédito da administração prussiana que, por um longo período, reinvindicou seu direito de dirigir o serviço postal da Confederação, pela inteligência com que aproveitou para melhorias e liderou o caminho em todas as inovações úteis”.


A SEGUNDA EMISSÃO

Uma ordem ministerial de 11 de Abril de 1856 reduziu a tarifa para impressos e etc enviados com envoltório aberto, para 4 Pfennige, e no dia 1º de Maio, um selo com essa denominação foi colocado à venda. O design é semelhante ao dos valores de 1850 e é evidente que o mesmo cunho original foi empregado para o retrato do Rei.



Ano 1856. Talho-Doce. Fundo Telado. Filigrana Coroa de Louros.
4 Pfennige (MiNr. 5) Verde-Escuro a Verde-Oliva escuro, sobre papel Branco


O Sr. Wedmore diz:

“As matrizes e as placas de impressão foram produzidas da mesma forma que antes, com o cunho original da cabeça do Rei Friedrich Wilhelm IV e com a palavra POSTMARKE no topo. Durante a transferência da matriz para os cunhos de aço, a palavra POSTMARKE foi apagada e inserida FREIMARKE em seu lugar, no topo dos selos. No Museu em Berlim, este rolo de aço pode ser visto suportando quatro impressões do cunho original. Em três delas, a palavra POSTMARKE é parcialmente apagada e no quarto é completo, e é o modelo utilizado para fazer as chapas de cobre para este valor. As figuras e as palavras que denotam o valor foram gravados, provavelmente, por Schilling, que estava empregado pelo Estado desde 1851 para gravar o cunho dos selos de envelopes. Uma comparação com o valor de ½ Silbergroschen mostra uma variação considerável no tamanho do design, que tende a provar que este não era trabalho de Eichens. Observa-se também que nesse selo, o valor é dado como VIER PFENNINGE, e não como PFENNIGE como nos selos de 6 Pf.”

Haviam pelo menos duas chapas para esse valor, e, embora estejam numerados na margem direita, as palavras «Platte No.» e os números para as linhas horizontal e vertical não foram gravados nas placas. A cor varia de um verde musgo escuro para um verde amarelado pálido. O papel com marca d’água com coroas de louro foi utilizado pra essa emissão, e o selo foi igualmente emitido sem perfuração, como a série de 1850.


[continua na parte 2]

20 agosto 2017

As Emissões «Landpost-Portomarken» do Grão-Ducado de Baden


Imagem: Grão-Ducado de Baden, Landpost-Portomarken MiNr 1-3
Coleção Rubens Bulad


Em 1850 foi criado um correio rural em Baden, cujo principal objetivo era operar um serviço de mensagens ligando pequenas aldeias rurais (que não possuíam escritórios dos correios) com o posto de correio estatal mais próximo. O correio rural possuía uma organização própria, distinta do correio estatal, mas para o qual, no entanto, era adjunto.

No ano de 1862, o Grão-Ducado de Baden emite um decreto, sob a data de 26 de Setembro, autorizando melhorias em conexão com esse correio rural, e em 1º de Outubro selos de 1, 3 e 12 Kreuzer foram emitidos para o uso do correio rural. Esses selos são de design semelhante e mostram grandes números no centro e as inscrições «LAND-POST» acima e «PORTO-MARKE» abaixo. Uma borda ornamental completa esse muito despretensioso design. Todos foram impressos em preto em papel telado (wove paper) amarelo e perfuração 10.

A inscrição «PORTO-MARKE» indica que eram selos de correios, mas não eram selos postais no sentido comum do termo. Esses selos foram utilizados exclusivamente em conexão com a postagem rural, e, além disso, para serem utilizados como taxa postal em correspondências com porte postal deficiente (Taxa Devida). Também serviam para coletar a taxa de entrega e para vários outros propósitos, como a coleta e o transporte de dinheiro. Nesta época, eram os correios quem coletavam os impostos, e, em algumas instâncias, as dívidas devidas por comerciantes. Para este serviço se cobrou uma comissão de 1 Kreuzer por Gulden, e esta comissão foi denotada por meio destes selos de postagem rural. (Na época, a moeda corrente em Baden era o Gulden, que valia 60 Kreuzer).

Tais selos não foram vendidos diretamente ao público, e foram utilizados somente pelos oficiais dos postos rurais. São selos escassos, especialmente o valor de 12 Kreuzer, porém novos são relativamente comuns, devido ao fato de que em 1873 o sr. Julius Goldner, de Hamburgo, comprou o estoque restante, constituído por 322.800 selos de 1 Kreuzer, 455.400 de 3 Kreuzer e 160.000 de 12 Kreuzer.

Os selos foram impressos em tipografia, em dois papéis diferentes: Papel fino amarelado «X» (1Kr, 3Kr e 12Kr) e papel grosso amarelo-escuro «Y» (1Kr e 3Kr), sendo esse o mais escasso. É muito fácil diferenciá-los simplesmente pela cor, pois o papel X fino possui um tom amarelo vívido e fresco, enquanto o papel Y grosso possui uma tonalidade bastante escura, um laranja-escuro quase ocre. Pares, ternos, e quadras desses selos são muito escassos e valorizados. Os selos verdadeiramente utilizados na época (carimbados) dos três valores são várias vezes mais valiosos do que os novos, o que é uma exceção na Filatelia, e por isso mesmo, geralmente nas coleções são encontrados os exemplares sem carimbo. Exemplares bem centrados merecem um acréscimo de 50 a 150% nas cotações do catálogo.


TAXAS
Em 1 de Maio de 1859:
1 Kr: Letras e Impressos até 16 Loth, e a partir de 15 de Julho de 1862 até 15 Loth
(«Loth»: Uma medida de peso anteriormente utilizado na Alemanha, Holanda e outras partes da Europa, equivalente a metade da onça local).
2 Kr: Itens com seguro
1 Kr: Impressos
1 Kr: Envio de dinheiro

Pagamentos Contra-Entrega:
Até 20 Kreuzer: 1Kr
De 20 a 40 Kreuzer: 2Kr
De 40 Kreuzer a 3 Gulden: 3Kr

A partir de 1 de Outubro de 1862:
As taxas para correspondências ordinárias não são mais aplicadas.
3Kr: Cartas (apenas encaminhamento ao escritório de correios estatal)
1Kr: Impressos (idem)
3Kr: Envios até 2500g, com valor abaixo de 100 Gulden (florins).


Nos Catálogos:
O Grão-Ducado de Baden é o único “país” de todos os volumes do Catálogo MICHEL que possui um capítulo denominado «Landpost-Portomarken». Está corretamente catalogado, e diversas variedades podem ser conferidas no Spezial-Katalog.

No Catálogo YVERT ET TELLIER, são classificados simplesmente como «Timbres-Taxe», como se fossem selos comuns de Taxa Devida, e não mencionando de nenhuma forma a sua utilização como porteamento de correspondência rural. Um triste erro e um desserviço à Filatelia.

Já no Catálogo SCOTT, estão classificados como «Rural Postage Due Stamps». Simples, porém correto.


Falsificações:
Existem falsificações grosseiras e boas dos três valores dos selos postais rurais de Baden e, por serem melhor cotados carimbados, é de se esperar que também existam muitos carimbos falsos, especialmente no valor de 12Kr, que marca €25.000 carimbado no MICHEL, enquanto que mint vale apenas €90, e sem goma, € 45.



Imagem: Grosseira falsificação em papel finíssimo do selo MiNr 1
Coleção Rubens Bulad


Nos selos «Landpost-Portomarken» de Baden com carimbos falsos, muitas vezes aparece no verso um pequeno carimbo de expertização com o nome de Georg Bühler, como na foto abaixo:



Imagem: Internet


O selo de 12Kr foi carimbado em poucas estações do correio rural, à saber: Markdorf, Merchingen, Säckingen, Steinen, Thiengen, Waldshut, Birkendorf e Bonndorf. Esse selo também é conhecido como tendo sido utilizado bissectado em diagonal e em quatro partes, mas um envelope circulado assim é uma das grandes raridades dos Antigos Estados Alemães (€ 25.000 no MICHEL) e todos os envelopes originais são há muito tempo conhecidos na literatura filatélica, sem exceção. Ainda assim, existem algumas falsificações no mercado.
 


Bibliografia Utilizada neste artigo:
«The Stamps of the German States», Bertram W. H. Poole
«MICHEL» Deutschland Spezial Katalog