Em minhas várias tentativas de se criar um álbum perfeito, estou sempre em busca de encontrar a melhor apresentação para os selos da minha coleção.
Isso inclui a pasta perfeita para os álbuns, o papel de impressão, a encadernação, e até o uso de charneiras ou fitas protetoras (hawid).
A questão é simples: Coleciono selos de todo o mundo, de todas as épocas, e preciso de uma maneira boa, bonita, prática e preferencialmente barata para armazenar a coleção. O álbum não pode ser de má qualidade, para não correr o risco de deteriorar os selos com a famigerada ferrugem (que na verdade é um fungo que consome celulose).
Existem dois tipos de suporte: O Classificador (que pode ser de vários modelos, marcas, cores, tamanhos e diversas qualidades) e o Álbum (que pode ser algo caseiro, impresso por computador ou comprado já pronto). Este último será o objeto deste artigo.
Tudo depende do tipo de coleção que se faz, de como se faz (nuances de cores diferentes de um mesmo selo são importantes ou não pra você? E posições de filigrana? E papéis diferentes na mesma emissão?) e também do catálogo usado para orientar a coleção e, claro, se o filatelista possui mais ou menos tempo disponível. De todo modo, uma excelente apresentação e proteção dos selos é absolutamente fundamental.
Há muitos exemplos de álbuns a venda no mercado, e vale lembrar que alguns produzidos no século XIX e começo do XX estão ainda em bom estado. Há de se lembrar que um álbum de selos deve, em tese, durar décadas, ou ao menos pelo tempo em que o filatelista estiver vivo. Portanto não deve ser feito para depois de 5 ou 10 anos, ficar estragado e ser jogado no lixo.
A única coisa que eu tinha certeza desde o princípio é: Charneiras, jamais. Charneira é burrice. O uso de charneiras em uma coleção de selos foi aceitável até a invenção da fita protetora. Usar charneira nos dias de hoje é jogar dinheiro fora. Nem é preciso dizer que a charneira estraga o selo, desvaloriza a peça, inclusive se for com selos usados e dá uma péssima apresentação à coleção. Além do mais, em minha coleção, eu não diferencio selos usados de selos novos (ambos entram na coleção), e como realizo muitas compras e trocas, pode ser que eu tenha que substituir algum selo (p.ex., com carimbo melhor), e com o selo estando grudado com charneira, faz com que se torne uma tarefa enfadonha.
No entanto, as fitas protetoras aqui no Brasil são um pouco caras...
Então, fiz alguns testes usando ÁLBUNS, e são os que seguem abaixo:
1) O álbum «econômico»
No início, comecei fazendo o modo mais econômico possível: As folhas do álbum impressas em papel sulfite 75g/m² (papel de escritório comum A4), encadernadas em espiral plástica em papelaria (cada volume com aproximadamente ~100 páginas). Para mantê-las em pé na estante, usei pastas-elástico.
O custo deste álbum é muito baixo: As 100 folhas custam R$ 4, mais R$ 3 da encadernação e R$ 3 da pasta elástico. Entretanto, o álbum fica muito maleável. A apresentação da coleção fica péssima, totalmente amadora.
Como «fita protetora», usei folhas de transparência para impressão laser (encontrável em papelarias, e com diversas espessuras) cortadas na guilhotina e coladas com cola de isopor.
Custo do álbum (sem contar a impressão e as fitas protetoras)
- 100 folhas sulfite 75g/m = R$ 4
- encadernação espiral comum = R$ 3
- pasta elástico = R$ 3
Total R$ 10
Acrescente-se mais o custo das folha de transparência (R$ 50 a caixa com 50 folhas).
1 ano depois da montagem, descobri que:
- O álbum fica simplesmente horrível se for encadernado com mais de 100 folhas. Fica muito ruim para virar as páginas quando o mesmo está com muitos selos. Há risco de rasgar alguma página. Portanto 100 folhas é o número máximo para cada volume neste tipo de álbum.
- A cola de isopor usada para colar as transparências perde o efeito com o tempo. As tiras plásticas começam a se soltar com muita facilidade. Muitas vão se soltar sozinhas. É necessário colar novamente e o risco de se perder selos com o tempo é alto. A cola de isopor, por ser transparente, não fica tão evidente, mas ainda assim, fica visível e é impossível fazer com que o rastro de cola fique reto. Ele sempre vai ficar como bolinhas, e isso visualmente fica muito feio.
- As folhas sulfite amarelaram, umas mais, outras menos. É um processo natural de todo e qualquer papel que não seja «acid-free». Esse amarelamento PODE afetar os selos devido as químicas dos diferentes papéis (o da folha do álbum e o do selo).
Conclusão final
NUNCA FAÇA ESTE TIPO DE ÁLBUM. O barato pode sair muito caro. O álbum fica uma porcaria. Não recomendo.
2) O álbum «razoável»
Consistiu em folhas de papel opaline 180g/m² marca Filipaper. Ainda usando as transparências coladas com cola de isopor. As pasta é um fichário de 4 argolas, marca ACP, tamanho A4. Há vários tamanhos disponíveis de lombadas, e também cores.
Fiz um teste com o fichário na cor branca (com visor transparente e 7,5 cm de lombada, cabem 180 folhas) e outro com a cor preta (sem visor, 4cm de lombada, cabem 100 folhas, não fotografado).
Não gosto das pastas-catálogo comuns (com parafusos ou colchetes) porque fica difícil colocar algum tipo de etiqueta de identificação do álbum na lombada e porque elas dificilmente aceitam mais sacos plásticos.
Também fiz o teste furando as folhas com um furador de papel de 4 furos, para economizar no uso dos sacos plásticos (que são muito caros).
Custo do álbum (sem contar a impressão e as fitas protetoras)
- 50 folhas opaline 180g/m² = R$ 11 (foram usadas 100 folhas, portanto, R$ 22)
- Pacote com 50 sacos plásticos marca YES = R$ 25
- Fichário: Cor preta sem visor transparente = R$ 10, e branco, com visor na lombada = R$ 20
TOTAIS:
- Fichário preto, sem sacos plásticos (folhas furadas) = R$ 32
- Fichário branco, com sacos plásticos = R$ 67
1 ano depois da montagem, descobri que:
- No caso das folhas furadas, estas tendem com o tempo a rasgarem exatamente onde estão os furos, principalmente nas 2 ou 3 primeiras páginas do álbum. (isso é especialmente péssimo, pois geralmente estas são as páginas das primeiras emissões dos países, ou seja: selos geralmente caros...).
- Usando sacos plásticos: Sempre da marca YES, com uma espécie de «tarja» branca. (os outros sacos comuns e mais baratos são de PVC – péssimo material – e tendem a MOFAR ou AMARELAR com o tempo e não preciso sequer comentar a relação entre selos e mofo, certo?) Fica muito, infinitamente melhor do que furar as folhas, mas também muito mais caro. Como o papel é espesso (180 gramas/m²), e cada saco vão 2 folhas (frente e verso), cada saco plástico fica numa espessura muito boa para um álbum. Além disso, algumas transparências se soltaram (mesmo problema no álbum «econômico»), mas os selos ficaram dentro dos sacos plásticos (risco menor de perda). Não notei nenhuma alteração física nos sacos em si, e após 1 ano, continuam como novos.
- Não houve nenhuma alteração física ou de cor nas folhas de papel opaline (são acid-free). Não amarelaram, continuam como novas.
- O fichário em si: É uma espécie de papelão revestido de plástico (pvc?). Como o álbum fica pesado, a tendência é que as dobradiças do fichário comecem a se rasgar, expondo o papelão interno. A argola é de algum tipo de metal niquelado made in china bem vagabundo que começa a oxidar com o passar dos anos. Nenhuma alteração de cor no fichário preto. O fichário branco ficou um pouco amarelado com o tempo e manuseio e o visor plástico tende a enrugar e amarelar.
Logo:
- O papel tem a espessura correta.
- As folhas do álbum em sacos plásticos ficam infinitamente melhores do que furando e colocando direto no fichário. (mas aumenta bastante o custo).
- O problema é a falta de qualidade do fichário e as transparências usadas como «fitas protetoras».
Conclusão final:
O melhor modo deste modelo seria o fichário com visor, mas na cor preta, e a lombada de 4cm (maior que isso, e o fichário começa a rasgar com o tempo). Usar sacos plásticos, jamais furar as folhas. E não usar mais as transparências coladas com cola de isopor (se soltam com o tempo). Portanto, O álbum em si não fica tão ruim a princípio, mas não vai ficar bom com o passar do tempo. Não recomendo, devido às várias restrições.
3) O álbum «Ideal»
Fichário A4 plástico reciclado marca DAC ref. 657 DS. Sacos plásticos A4 marca YES. Papel A4 Telado 180g/m² cor creme, marca Filipaper.
Desta vez o fichário é de um plástico bem duro. Este modelo específico possui uma vantagem em relação aos demais: O tamanho da capa faz com que não fique uma bordinha de sacos plásticos pra fora do fichário. A lombada é de 4cm, e cabem 50 sacos plásticos nele (100 folhas frente e verso). Possui um visor (embora pequeno). A capa é sempre preta, mas o visor pode ser encontrado nas cores azul, vermelho, amarelo e cinza. Estou usando as 4 cores (fica bom pra diferenciar países diferentes).
Mudei a cor e modelo do papel, embora tenha mantido a espessura (180g/m²).
Passei a usar as fitas protetoras filatélicas (estou usando o nacional, maximaphil, de fundo preto).
Custo do álbum:
- Caixa contendo 50 folhas 180g/m² telado, cor creme, Filipaper = R$ 15
(2 caixas para cada álbum, logo são = R$ 30.
- Pacote com 50 sacos plásticos marca YES = R$ 25
- Fichário DAC ref. 657 DS = R$ 16
TOTAL R$ 71
Ou seja, quase o mesmo custo do fichário branco com visor. Com menos capacidade que este, mas com qualidade muito superior e melhor apresentação física.
Fiz no computador usando Adobe Ilustrator o texto e a arte a ser inserida no visor:
1 ano depois da montagem, descobri que:
- Não houve nenhuma alteração no álbum em si. Continua como novo, mesmo sendo bastante manuseado. Não rasgou nem quebrou. As argolas não oxidaram (qualidade melhor que o ching-ling niquelado do álbum anterior).
Conclusão final:
Ao meu ver, ficou muito bom. A apresentação física deste álbum é excelente. Vários fichários, um ao lado do outro, ficaram visualmente legais também. É o modelo que eu recomendo.
Vi um cara na internet usando o mesmo papel que eu (filipaper telado 180), mas na cor cinza, e com fita protetora transparente. Também ficou muito bom. A fita protetora transparente tem a vantagem de não precisar ser cortada com precisão tão milimétrica quanto as de fundo preto, pois sendo transparentes, eventuais imprecisões no corte ficam praticamente imperceptíveis. Porém eu prefiro usar a de fundo preto por achar que destacam mais os selos e também os picotes (gosto pessoal).
O único problema que notei é a falta de um estojo protetor, mas simplesmente não existe nenhum fichário ou pasta com estojo protetor a venda em papelarias nesta colônia tupiniquim de quinto mundo que chamam de “Brasil”. (Pesquisei até a exaustão, e não encontrei nenhum, exceto os fichários escolares, para crianças, com desenhos de bichinhos e personagens coloridos na capa, e com zíper e alça para transporte). Na civilização (Europa/Estados Unidos/Canadá/Japão) há vários modelos de fichários com estojo disponíveis, por uma fração dos preços cobrados por aqui pelo modelo sem estojo. (Os americanos costumam usar os fichários da marca Staples para suas coleções).
Todos os álbuns acima foram feitos utilizando os arquivos .pdf para álbuns disponíveis no site do sr. Steiner, dos Estados Unidos ( http://www.stampalbums.com/ ). As folhas estão na sequência do Catálogo americano Scott.
E você, como tem acondicionado a sua coleção? COMENTE ABAIXO.