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10 fevereiro 2016

Organizando a coleção: Parte 4 – O Equipamento do Filatelista

O colecionismo de selos postais é popular principalmente porque você pode fazê-lo com muita facilidade. Existem diversas ferramentas úteis ao filatelista, mas tudo o que você precisa, no nível mais básico, é de uma pinça. Existem outras ferramentas que podem ou não serem necessárias, dependendo apenas do tipo e do nível de estudo que sua coleção exige, no entanto, em geral, são ferramentas de custo acessível e que não comprometem seu orçamento.

Outro bom fator sobre o equipamento é que a maioria dessas ferramentas tem uma longa vida útil. Assim, você só terá de comprá-los uma única vez e esquecer sobre qualquer investimento neste sentido durante muito tempo.

Algumas ferramentas são importantes para lidar com seus selos com cuidado, e outras são úteis para a análise adequada de seus selos. Elas irão ajudar você a entender a sua coleção e facilitar sua organização. Os acessórios em geral dependem do tipo de coleção que se faz: Para uma coleção temática, basta a pinça e a lupa. Já para uma coleção especializada, p.ex., uma coleção de um país específico em nível intermediário ou avançado, outros acessórios são necessários.

Assim sendo, temos:

 

PINÇAS
São ferramentas simples e você precisa necessariamente ter uma, pois nunca se deve lidar com seus selos com as mãos. Mesmo as mãos mais limpas possuem alguma sujidade e oleosidade que pode arruinar seus itens. Assim sendo, manipular os selos com pinças é a coisa mais segura a se fazer.

Existem no mercado diversos tipos de pinças: de plástico e de aço inox, grandes e pequenas (10cm ou 20cm), com ponta reta, fina, romboidal ou curvada, nacionais e importadas. O importante é que sejam pinças especialmente fabricadas para uso na filatelia, pois estas possuem a ponta plana. Pinças feitas para outros usos, como p.ex., as comuns “pinças de sobrancelhas” facilmente encontradas no comércio no Brasil, não servem, pois possuem uma ponta cortante nítida e que pode danificar os itens de coleção.

As pinças são facilmente encontradas nas casas filatélicas e há diversos modelos disponíveis para todos os gostos.

 

LUPA
Você vai precisar de uma lupa para examinar seus selos com cuidado. Mesmo uma pequena lupa é extremamente útil e poderosa. Você só precisa de um pouco de paciência e de prática, e logo você será capaz de verificar facilmente até mesmo pequenos erros e falhas de impressão em seus selos.

Existem diversos graus de aumento e modelos disponíveis no mercado, em plástico ou vidro. As mais simples e baratas costumam ter aumento de 2,5x e funcionam muito bem e você poderá encontrar em comércios populares (até mesmo em lojas de R$ 1,99) ou em casas filatélicas.

 

ODONTÔMETRO
Odontômetro é um medidor de perfuração. Pode-se definir perfuração como “a série de buracos entre as linhas de selos postais em uma folha que servem como uma ajuda na separação”. Assim, um medidor de perfuração irá ajudá-lo a saber quantos buracos estão presentes em cada selo a cada 2cm. Basicamente, você pode medir 2cm com uma régua comum e em seguida, contar os buracos, mas é muito mais fácil você usar o odontômetro.

Você já deve saber que muitos selos (principalmente os mais antigos) com o mesmo design possuem diferentes tamanhos de perfuração, e isto pode ou não, dependendo do caso, fazer o selo ser muito valorizado. Logo, perfurações raras podem tornar um selo que é comum em um selo raro.

Como se pode observar, o odontômetro possui uma série de medidas impressos nele, e você simplesmente tem que comparar o seu selo com as medidas impressas até que eles combinem perfeitamente.

No mercado filatélico é facilmente encontrado, e existem diversos modelos e marcas diferentes disponíveis, feitos em cartão plastificado, metal, plástico, etc, nacionais e importados. Existem ainda odontômetros eletrônicos, e até mesmo softwares onde se pode medir os picotes da imagem escaneada do selo. O modelo mais simples, em cartão plastificado e de custo baixo, é usado inclusive por comerciantes e profissionais e é o suficiente. O modelo eletrônico, como ilustrado na imagem acima, faz o mesmo, com mais rapidez, além de dar um ar “profissional” à mesa do filatelista, embora tenha um custo altíssimo.


Como usar o odontômetro:

1) Certifique-se de que você tenha bastante luz. Os buracos de perfuração são pequenos e a diferença entre duas medidas pode ser muito pequena, principalmente para medidas fracionárias. Assim, uma grande quantidade de luz é necessária.

2) Com o tipo de odontômetro mostrado na foto acima, deslize o selo entre as medidas de perfuração até que TODOS os buracos se encaixem perfeitamente no odontômetro. Dependendo da cor do selo, pode ser uma boa idéia fazer isso pelo lado gomado do selo, para não ser distraído pelas cores e design.


Um selo que possui p.ex. denteação 14x12, terá 14 buracos a cada 2cm acima e abaixo, e 12 buracos a cada 2cm nas laterais do selo. Meça com bastante cuidado as perfurações mais fracionadas, como p.ex. 14½ ,14¼, ou 14¾. Apesar de parecer à primeira vista ser uma diferença muito pequena, no odontômetro não será.

 

CHARNEIRAS
Charneiras são pedaços de papel vegetal acid-free com uma pequena dobra e gomados no verso, criados especialmente para a filatelia. Com a invenção da fita protetora (da qual falarei adiante), caiu em desuso. Eram antigamente usados para colar os selos na página do álbum, mas alguns filatelistas incultos ainda teimam em usar.


Possui a vantagem de ser muito prático e econômico, já que costuma vir em pacotes com 1.000 peças, e não custam caro. Todas as marcas são importadas, não existe equivalente nacional. No entanto, possuem a imensa desvantagem de desvalorizarem os selos, especialmente se os mesmos são mint (novos com goma plena) já que parte da goma no verso se perderá ao colar a charneira. Selos novos com marca de charneira costumam ser vendidos a 10-20% do seu valor original, por isso só se recomenda o seu uso em selos usados.

Abaixo, um pequeno vídeo que ensina rapidamente como usar as charneiras:

https://www.youtube.com/watch?v=3OLJFowAEmw

 

FITAS PROTETORAS e GUILHOTINA
A melhor e definitiva proteção individual para seus selos, evitando que os mesmos sejam atingidos por poeira e sujidade, além de proteger a denteação. São feitos em plásticos livre de acidificantes, e existem de diversas marcas nacionais e importadas, com fundo preto ou transparente, com ou sem goma no verso.



É facilmente encontrado nas casas filatélicas, em diferentes tamanhos. Seja que você armazene seus selos em álbuns ou em classificadores, o ideal é que todos os itens estejam protegidos com a fita protetora.


Será necessário também adquirir uma pequena guilhotina para cortá-los e a maioria das casas filatélicas também possuem à venda. Pode ser usado inclusive guilhotinas pequenas encontradas nas papelarias. Não tente cortar as fitas protetoras com tesoura, ou com régua + estilete, pois elas ficarão tortas.

 

DETECTOR DE FILIGRANA
Filigrana, ou marca d’água, é uma imagem de segurança marcada no papel dos selos e que aparece com vários tons em claro/escuro quando visto à luz transmitida ou refletida, causada por variações de espessura e densidade do papel. Eram usadas para desencorajar a falsificação, e hoje quase nenhuma administração postal emite selos com filigrana.

Na filatelia, a filigrana é uma característica fundamental dos selos, e muitas vezes constitui a diferença entre um selo comum e um selo raro. Colecionadores que se deparam com dois selos idênticos, mas com diferentes filigranas, consideram cada selo como sendo um selo diferente.

O processo de visualização das filigranas pode ser simples ou não. As vezes uma filigrana pode ser vista simplesmente olhando no verso do selo. Talvez seja necessário colocar o selo próximo a uma boa fonte de luz, tal como no exemplo abaixo:

   

No entanto, em alguns casos, a filigrana é difícil de visualizar, então recorre-se ao uso da Benzina Pura Retificada e ao Filigranoscópio. O Filigranoscópio é uma peça pequena de plástico, de dimensões variadas, onde se coloca o selo para identificação da filigrana. A Benzina Pura Retificada é uma mistura de hidrocarbonetos que se coloca em pequena quantidade no filigranoscópio, para que seja visualizada a filigrana.

Basta colocar o selo com seu verso virado pra cima no filigranoscópio e pingar algumas gotas de benzina. A filigrana aparecerá bastante visível. A benzina evapora rapidamente, e não estraga os selos, mesmo os novos com goma. No entanto seus vapores são tóxicos, por isso deve ser utilizado somente em último caso.

   

No Brasil a venda de Benzina Pura Retificada está restrita, mas você pode substituir igualmente por fluido de isqueiro (facilmente encontrado em tabacarias e feiras, em latas) tendo os mesmos resultados. Não use qualquer outro tipo de fluido, tal como álcool ou querosene, pois há risco de desbotamento de cores.

Atenção: Tanto a Benzina quanto o fluído de isqueiro são altamente inflamáveis. A inalação de seus vapores tóxicos pode, de acordo com o fabricante, levar à morte. Todo cuidado no seu uso é pouco. Deve-se abrir janelas e ventilar o local.

As casas filatélicas também possuem detectores líquidos de filigrana, de uso um pouco mais seguro que a Benzina ou o Fluído de isqueiro, mas seu custo é alto.

Eu tenho usado fluído de isqueiro há alguns anos sem nenhum problema.

Existe ainda um aparelho eletrônico chamado Signoscope, que é a opção mais segura para visualização das filigranas dos selos. No entanto não é vendido no Brasil e seu preço é proibitivo.

LÂMPADA ULTRAVIOLETA

Antes de explicar como utilizar e para quê serve, é necessário dar o alerta: Trata-se de um equipamento caro e extremamente perigoso. É sabido que a radiação ultravioleta pode causar câncer de pele, e a visualização direta de sua luminosidade pode induzir à cegueira. Por isto deve-se ter MUITO cuidado ao utilizar.

No final dos anos 1950’s, algumas administrações postais começaram a revestir os selos com bandas ou faixas de fósforo, para fazer a triagem postal eletrônica, e o cancelamento por máquinas automáticas. A tinta fosforescente é praticamente invisível a olho nu, mas as máquinas de triagem podem vê-la.

Na filatelia são usadas duas lâmpadas UV diferentes:

Ultravioleta de Ondas Longas possui 336 a 365nm e serve para identificar fluorescência no papel dos selos. É a menos perigosa e a que mais se utiliza na filatelia. Existem selos idênticos impressos em papel normal e em papel fluorescente, e suas cotações variam, por isso sua utilização. Esta lâmpada também serve para identificar facilmente alterações, danos e reparos em selos clássicos.

Ultravioleta de Ondas Curtas possui 224 a 254nm e serve para visualizar bandas de fósforo nos selos, sendo também a de utilização mais perigosa. No entanto, na maioria dos casos a banda de fósforo é visível a olho nu, sem necessidade da lâmpada.

Ou seja:
Ondas Longas: Fluorescência
Ondas Curtas: Fosforescência

Abaixo, um exemplo de selo que possui papel fluorescente, e ao mesmo tempo, bandas de fósforo verdes:

 


Os selos da esquerda possuem papel fluorescente e barras de fósforo verde nas laterais.
Os da direita, possuem papel comum e barras de fósforo verdes.


No mercado filatélico há ambas as lâmpadas à venda. Há inclusive um equipamento que já vem com ambas as lâmpadas UV (ondas curtas e ondas longas) conjugado. Todos são de marcas importadas, geralmente alemãs.

Para utilização, deixe o ambiente o mais escuro possível, e ligue a lâmpada a poucos centímetros dos selos. Nunca visualize diretamente para a fonte de luz do equipamento e sim para os selos. Após a identificação, desligue o equipamento o mais rapidamente que puder e não exponha seus olhos a muitas consultas diárias.

Ficarei feliz em ler seus comentários e dúvidas!

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