Translate

04 maio 2017

A morte lenta e agonizante da Filatelia

No auge do colecionismo de cartões telefônicos, algumas operadoras de telefonia na época chegaram a abrir agências de venda de cartões específicas para os colecionadores. Havia uma aqui em Goiânia-GO, no centro da cidade, mantida pela extinta Telegoiás. Com as fusões das empresas no mercado, os cartões deixaram de ser comemorativos e passaram a ser institucionais (com a MESMÍSSIMA propaganda da empresa em todas as emissões), e o advento do telefone celular até as camadas mais baixas da população fez com que os telefones públicos se tornassem mero enfeite nas ruas, fazendo com que o comércio deixasse de vender os CT’s e com isso então reduziu-se abruptamente o número de colecionadores. As agências de telecartofilia foram fechadas pra nunca mais reabrirem, os "orelhões" começaram a desaparecer das ruas. Cartões que antes eram absurdamente caros, caíram vertiginosamente de cotação e hoje são acessíveis até ao colecionador iniciante. Mas, qual iniciante? Hoje são poucos os que se aventuram a iniciar uma coleção de CT's, e o mercado é mantido apenas por aqueles "dinossauros", que colecionam há muitos anos.

Agora estamos presenciando o mesmo acontecendo na Filatelia.

Na Holanda, já é praticamente impossível selar uma carta e despachar pelo correio. Em seu lugar, as agências apenas emitem uma franquia mecânica sem graça. Os selos comemorativos, impressos somente em folhas com 10 ou 12 diferentes desde 2002, raramente são utilizadas para portear correspondência, servem apenas para coleção! São meras figurinhas! Quem seria o louco a destacar dois ou três selos de uma folha de uns 12 selos diferentes, desvalorizando assim todos os selos? E ninguém seria louco a ponto de portear com a folha inteira, pois elas são caras.

No Brasil, eis que este ano começou o processo de encerramento das agências filatélicas em todo o Brasil. Este será o golpe FATAL na já há muito tempo cambaleante filatelia nacional. Se antes já era difícil aparecerem novos colecionadores, agora é que será praticamente impossível, pois não haverá mais a referência que as agências filatélicas faziam. As agências filatélicas não irão mais voltar, e com a iminente e necessária privatização dos Correios, a chance de até os selos postais desaparecerem em breve é alta.

Vamos presenciar em pouco tempo o mesmo fenômeno que ocorreu com os cartões telefônicos: Os preços dos selos já começaram a cair, casas filatélicas já começaram a fechar as portas, e a tendência mundial é de vertiginosa queda nas cotações e no número de colecionadores. Logo veremos inclusive os selos de uso ordinário desaparecerem das agências.  Os comemorativos, meras figurinhas que se tornarão, somente serão conseguidos através de venda à distência ou aquisição em casas filatélicas, e não mais nos correios.

Acredito que ainda haverá uma sobrevida da filatelia na Europa (especialmente na Alemanha e França), Estados Unidos e na China (onde o número de colecionadores tem, ao contrário dos demais países, aumentado). Mas aqui na América Latina, especialmente no Brasil, a Filatelia já está condenada à morte lenta e agonizante.

Um comentário:

Os comentários deste blog são publicados com moderação prévia e são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Há liberdade de expressão, no entanto reservo-me ao direito de não aprovar os comentários que não cumpram com o objetivo do blog (propagandas, spam, etc). Não será aceite comentário algum que não se faça acompanhar com o nome do comentador. ("Unknown" não é nome pessoal).

Reservo-me também o direito de proceder judicialmente ou de fornecer às autoridades informações que permitam a identificação de quem use as caixas de comentários para cometer ou incentivar atos considerados criminosos pela Lei, e isto inclui injúria, calúnia, difamação, apelo a violência, apologia ao crime ou quaisquer outros.